terça-feira, 9 de outubro de 2012

Porquê a Psicologia, de há anos a esta parte, continua a marcar passo no mesmo ponto?

Já há uns tempos que me pergunto, sobretudo, quando visito livrarias e bibliotecas, porque é que não se nota grande inovação em Psicologia, contrariamente ao que acontece noutros domínios do saber? É uma pergunta que me tem feito pensar e cuja resposta ou questionamentos para uma resposta possível julgo saber por onde poderá ser encontrada. Será devido à natureza do seu próprio objecto: o psiquismo observado através do comportamento? Será porque no passado próximo e longínquo se avançou imenso sobre aquilo que é mais específico e distinto no ser humano, a mente, o espírito, a razão? Efectivamente, antes dos cientistas ocuparem o palco do desenvolvimento científico e tecnológico foram os filósofos, os sábios que detiveram esse lugar. De tempos muito antigos nas religiões e nas culturas encontramos relatos  e estudos muito detalhados, rigorosos e profundos sobre o espírito humano. Este património, de certa forma, convergiu numa determinada altura, porventura, muito recente em relação à longa história da humanidade, em duas cidades com inspirações e recortes muito distintos: Atenas e Jerusalém. Uma de matriz mais racionalista, intelectual, que Camões traduziu "em clara Grécia", Atenas e a outra de matriz mais cordial, mais amorosa, mais afectiva, Jerusalém. Este foi um tema que, na altura, em que desenvolvia  um projecto de investigação para um doutoramento em Filosofia na Universidade Católica de Lovaina, tive em mente mas que ambandonei com receio de o não poder levar a bom porto, pois exigia tempo e recursos de que, na verdade, não dispunha. Ficou, no entanto, sempre no meu espírito como um desafio e uma aventura adiados cuja importância e actualidade, nem por isso deixaram de ser menores nos nossos dias, como duas matrizes culturais que continuaram e continuam a estar presentes num processo dialéctico e contínuo nas mais variadas realizações do progresso científico, artístico e tecnológico pelos tempos fora na aliança dialógica nem sempre fácil e isenta de conflitos entre o oriente e o ocidente mais próximos ou longínquos. Nascente e poente, oriente e ocidente, vida e morte são os polos, porrventura, opostos de uma síntese, de um encontro que se procura constantemente alcançar. Julgo que é essa também a história do espírito humano que a Psicologia procura estudar e compreender através do comportamento. É por isso também aí que terá que acontecer a originalidade e inovação que se deseja na ciência psicológica que talvez esteja a ter lugar não propriamente no campo da Psicologia mas em outros domínios do saber e, designadamente, na ciência cognitiva, neuraciência e nas microbiologias e nas nanociências. É, pelo menos, essa a convicção que me trabalha há vários anos a esta parte.     

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