terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Ser resiliente é almofadar-se física, biológica, social e culturalmente para a vida

Com base na etimologia de resiliência, do latim resilio "tornar-se elástico", flexível, reflexivo, ser ou tornar-se resiliente é procurar almofadar-se do ponto de vista físico, biológico, psicológico, social, ético, cultural para enfrentar as situações mais ou menos adversas da vida. Esta "almofadagem" ao longo da vida apresenta níveis e características distintas em função dos diferentes tipos de personalidade e das aprendizagens e contextos socioculturais. Nas sociedades emergentes em que os níveis de stress tendem a tornar-se insuportáveis esta almofadagem é cada vez mais incontornável. A vida das pessoas, das famílias, das sociedades está seriamente ameaçada e pode quebrar. Por isso as pessoas têm necessidade de ser mais resilientes, ou seja, de almofadar-se física, biológica, psicológica, social e culturalmente contra todo o género de agressões a que estão sujeitas no mundo dos nossos dias. Neste almofadar-se, o conhecimento e as aprendizagens, a formação, a educação assumem uma importância primordial, um verdadeiro poder mágico, o único capaz de mobilizar toda a sua energia humana para a ação. Também aqui o desenvolvimento da mente e a sua consciencialização e assumpção por um eu mais inteligente, responsável e livre serão imprescindíveis, pois, a esse nível, essa almofadagem que torna as pessoas mais resilientes e humanas deverá ser comandada, sobretudo, por um eu mais conciente e, por conseguinte, mais sensível, emocional, flexível e livre.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A coerência e a fundamentação do debate político

Há bastante tempo a esta parte, que me interrogo sobre as razões subjacentes ao debate político e, designadamente, em Portugal, que é aquela situação que conheço mais de perto embora as diferenças no essencial não me pareçam muito grandes. Parece, no entanto, haver uma linha bem nítida entre as direitas e as esquerdas. Enquanto que as direitas ainda aceitam algumas razões das esquerdas quando assentam em dados objetivos e consistentes, as esquerdas não aceitam nada que venha das direitas por mais fundamentado e óbvio que seja. Qual a razão dessa diferença que é substantiva e configura os comportamentos e a própria ação política? Terá a ver com a estrutura e a natureza cognitivas que lhe estão subjacentes? Não me parece. A razão não é, seguramente, de ordem cognitiva mas tática ou a tentativa de controlar o poder político que pelas urnas até agora as esquerdas mais radicais não conseguiram alcançar. Apenas o conseguiu, como sabemos, uma franja mais moderada do centro esquerda com o apoio do centro direita e das direitas.  Isso foi nítido na 1ª  e 2ª eleição de Soares à presidência e em algumas maiorias socialistas aos parlamentos nacional e europeu e às câmaras municipais.  Existem, com certeza,  diferenças impostas por pressupostos ideológicos e políticos mas nem por isso poderíamos negar que não sejam possíveis pontos de convergência que conviria ativar para possibilitar alternativas credíveis de governação ao nível nacional e local. Para isso seria preciso mais realismo e mais verdade na avaliação das políticas e dos sucessos e insucessos das mesmas. Quando se parte de posições extremadas, em que de um lado está tudo está mal, tudo é negativo ou está errado e do outro se apresenta uma visão de certa forma oposta sem atender ou reconhecer os pontos mais débeis, algo está a falhar e precisa de ser corrigido rapidamente para re-etabelecer um equilíbrio  pro-ativo e atualizado que possibilite alternativas credíveis e democráticas que não comprometam o progresso e o bem-estar do país. Para isso, urge incentivar mais criatividade e rigor na ação e na governança bem como nas medidas a adotar  que apenas  um bom discernimento apoiado num poder mágico de conhecer e aprender com a experiência e as boas práticas do passado e a leitura correta e contextualizada  das situações e dos problemas do presente poderão garantir uma verdadeira aposta no futuro. É por isso que insistimos neste poder mágico de conhecer e aprender que deverá presidir a toda e qualquer deliberação, decisão e ação humanas como segredo para o sucesso das sociedades emergentes. É por aí que será possível encontrar a boa direção para resolvermos os enormes problemas que afligem as sociedades e as organizações dos nossos dias e re-encontrar os princípios e os valores cívicos e éticos que lhe devem estar subjacentes. As novas gerações terão de consciencializar-se desta necessidade e a formação do novo cidadão não poderá eximir-se dessa responsabilidade que a pesquisa científica e tecnológica mais avançada aconselha e exige.