quinta-feira, 19 de julho de 2018

A homeostasia como marcador de auto regulação física, biológica, psíquica e social

A homeostasia poderia, talvez, considerar-se como um grande marcador de auto-regulação  responsável pelo equilíbrio físico, biológico, psíquico e social do ser humano. Quando tudo está no seu lugar e funciona dentro da dinâmica que lhe é própria estamos diante do silêncio do corpo e do espírito que se reflete em saúde e bem-estar. Pensar e sentir esta realidade e dizê-la simplesmente é sabedoria que a ciência e a técnica não poderão desmentir mas reconhecer. Poderá mesmo ser um pouco desse poder mágico de conhecer e aprender que o homem não pode deixar de perseguir e ativar no decorrer da sua existência para ser feliz. Como fazê-lo? É o segredo de que todos andam à procura. Os cientistas poderão dar alguma ajuda mas, talvez, seja mais uma sabedoria de vida que os seres humanos terão de acolher serena e espontaneamente no mais fundo de si mesmos e ser honestos, livres e responsáveis diante da existência que se lhe apresenta em cada momento como simples dádiva. 

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Marcadores neurocerebrais e psíquicos do sono

Em 1974, num seminário sobre "Questions Approfondies de Psychologie Differencielle", na Faculdade de Psicologia da Universidade Católica de Lovaina, o Professor Jacques Schotte, responsável pela disciplina, psiquiatra e psicanalista internacionalmente bem conhecido à época e que tive a oportunidade de o ter como co-orientador da minha tese de doutoramento, costumava repetir que para dormir "era preciso deixar o estado de vigília e passar ao estado de monólogo". Esta frase ficou gravada na minha memória. Fui-a repetindo aos meus alunos nas aulas de psicologia e ainda hoje me faz pensar sempre que o tema do sono e mais propriamente da insónia se coloca.
Durante a orientação da tese de doutoramento de Ana Allen Gomes, assistente e professora auxiliar durante bastantes anos da Universidade de Aveiro e atualmente professora associada da Universidade de Coimbra, que após o seu doutoramento tem conduzido uma investigação muito consistente e rigorosa sobre o sono e, designadamente, sobre sono dos estudantes universitários e o seu sucesso académico, dava comigo a pensar nessa frase.
Hoje, não tenho muitas dúvidas de que os estudos neuro-cerebrais já identificaram determinados marcadores fisiológicos e psico-sociais mais ou menos responsáveis pelo sono, essa misteriosa "viagem que todos os dias fazemos a um mundo desconhecido",  como diria Teresa Paiva. Lembrando-me, porém, do meu Professor de Lovaina, continuo a pensar que efetivamente as pessoas para dormirem têm de deixar o "estado de vigília", de diálogo com o mundo exterior e interior e entrar no "estado de monólogo", desligando-se de tudo e deixando-nos cair serena e inteiramente nos "braços do Morfeu". Experimente e as suas insónias serão muito menos frequentes e intensas.