sexta-feira, 13 de abril de 2012

Um coma consciente mal diagnosticado?

Tenho reflectido bastante sobre um caso de coma bem conhecido em Aveiro no meio hospitalar e da Academia Aveirense visto tratar-se do Administrador dos Serviços da Acção Social, Dr. Helder Castanheira, após uma curta visita que lhe fizemos numa casa de re-habilitação, na Tocha.
Naquela altura, após dois ou três dias de ter saído do coma, o Dr. Helder Castanheira, conseguia reproduzir as conversas de técnicos e profissionais de saúde bem como as pessoas e as falas de visitas especiais que tivera durante o estado de coma em que se encontrava inteiramente imobilizado mas em que podia ver o tecto para onde esteve virado durante esse tempo. Lembrava-se até das conversas oportunas e inoportunas dos técnicos de saúde na altura em que deliberavam se deviam desligar a máquina ou dar-lhe mais umas chances de vida. Desconheço as causas que terão provocado este estado comatoso e que as ressonâncias magnéticas poderão, com certeza, ter evidenciado, mas do que não tenho grandes dúvidas é de que o Dr. Helder Castanheira, esteve consciente durante muito desse tempo a avaliar pelo relato que nos fez da situação. De contrário, todo esse período teria sido um grande apagão psicológico, como aconteceu, ao longo do tempo, em outros muitos comas conhecidos na literatura da especialidade e não só, não lhe permitindo no pós-coma, embora ainda completamente imobilizado do lado esquerdo, evocar, recordar e descrever com muita precisão e serenidade o que sentiu durante todo esse período com ansiedade, pânico e, até, uma certa indignação sem nada poder fazer nem comunicar embora se estivesse a dar conta do que lhe estava a acontecer e a sentir que a sua vida estava completamente dependente do juizo dos técnicos.
Este caso terá de ser analisado mais em pormenor em função dos relatos construídos algum tempo após ter saído do coma confrontados com os autores, uma vez que se recordava das falas e das pessoas que as proferiram.
De qualquer modo, parece que estamos em presença de um coma consciente, muito semelhante a um outro de um cidadão belga só que este permaceu em coma durante 23 anos.
Embora nos interesse mais directamente a parte gnoseológica deste caso. há aspectos que não poderemos deixar de sublinhar, neste caso, aliás referidos com ênfase, pelo Dr. Helder Castanheira que se prendem com a dimensão diontológica dos profissionais de saúde em situações desta natureza.