segunda-feira, 13 de maio de 2013

Marcadores de inovação

Desde sempre, nos mais variados domínios da actividade humana, foi importante identificar os principais marcadores de inovação. Em momentos de um certo deslumbramento artístico, científico, tecnológico, as pessoas e os povos tendem a ver coisas novas, inovação em tudo o que mexe e ficam embasbacados. Outras vezes, entram numa grande monotonia e, até, numa certa indiferença e depressão em que tudo está mais do que visto e se patina no mesmo ponto como se tratasse de um pneu atolado na lama ou de um disco estragado. A pergunta que se coloca normalmente é: como identificar os possíveis marcadores de inovação nos diferentes domínios da ação humana e como incentivá-los e otimizá-los? Esta questão remete-nos para o conhecimento e a aprendizagem. Ou seja, o que é conhecer e aprender que costitui a sua estrutura e ação fundadora? O que é que fazemos na ação de conhecer e a prender que provem do ser e de um certo estar no contexto de uma realidade mais ou menos alargada existente e possível ? Digamos, estas questões, colocam-nos a problemática da essência e natureza de conhecer e aprender bem como das suas margens ou limites. Em si mesma, a ação de conhecer e aprender é sempre um acontecer inefável, inovador e, de alguma forma, transformador, demiúrgico, mágico, criador. Na ação de conhecer que possibilita o próprio processo de aprender, tudo parece iniciar-se  na e através da intuição que ao nível do humano depois se desdobra nos mais variados e complexos raciocínios em que o sujeito cognosente, diante das mensagens que a realidade existente e possível, incluindo a do seu próprio mundo interior, lhe oferece, se une a ela, a  assimila, acomoda, equilibra, se lhe adapta e age, assumindo uma nova realidade objectiva e subjectiva que se desenvolve e otimiza indefinidmente na ação dialógica e dialética de uma aliança imanente e transcendente com outrem e com o outro mundanos e extramundanos. Sentir,  perceber e acolher este clique intuitivo que está subjacente a toda a ação científica, artística ou tecnológica é o princípio da invenção e da criação artística em que o poder mágico de conhecer e aprender assume toda a sua força e intencionalidade. Por isso, os marcadores de inovão, seja qual for o domínio em que nos situemos, terão de ancorar-se neste fundo em que efectivamente o humano devem mais humano em toda a sua intenção, extensão e profundidade. Esses marcadores decorrem da simplicidade, da espontaneidade, da originalidade e da sua concisão e justeza. Como me apraz repetir: tudo é complexo mas a compexidade é simples. O que é preciso é compreender e explicar  o quê, o porquê e o como dessa intuição criadora na  própria ação, inefável, demiúrgica,  mágica de conhecer e aprender que deverá servir de encorajamento e motivação a todos os que constroem conhecimento, científico, pedagógico, artístico ou filosófico e fazem a sua aplicação tecnológica e prática.
  

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Viagem ao fundo de cada coisa existente ou possível

Todos os dias, no enlevo do sono, "fazemos uma viagem a um mundo desconhecido", diria Teresa Paiva. Efectivamente, enquanto dormimos não sabemos nada por onde andamos e que mundos visitamos. O mesmo acontece em situações de coma e outros estados biopsíquicos em que, na verdade, não guardamos nada que posteriormente possamos lembrar e reproduzir. Na viagem ao fundo das coisas existentes e possíveis que a consciência e  o pensamento nos possibilitam realizar acontecem normalmente duas coisas: a primeira em que descemos os diferentes patamares molecular, atómico, subatómico, smplesmente energético com matéria ou antimatéria mais ou menos densa e pesada em espaço cada vez mais rarefeito e etéreo e a segunda em que nos defrontamos com a sensação repentina em que tudo escurece que embora não nos impeça de continuar a viagem, como no sono, não sabemos mais onde fomos e por onde andamos. Só sabemos que regressamos sempre ao nosso ponto de observação, ao estado de vigília com as mãos cheias de nada. Ou melhor um nada cheio de tudo que nos instiga constantemente a repartir, como no sono, para saciar a nossa fome existencial de requilíbrio físico, biológico, psíquico, cultural, humano. Na verdade, somos uma espécie de coisa que se alimenta do real, ainda que impossível de atingir, do imaginário e do simbólico, pois é isso que nos faz e institui como humanos e nos torna mais humanos. Por isso, precisamos de fazer todas estas viagens a mundos desconhecidos quer no estado de uma certa inconsciência ou consciência adormecida quer nas asas da consciência e do pesamento que, embora nos permitam experimentar e experienciar toda a magia do conhecer, do aprender, do querer e do amar que constitui o nosso grande poder e nos torna mais humanos, termina abruptamente nos braços de um mistério que, porventura, apenas se desvela velando-se na sua própria altura, fundura e abrangência transcedente em um crer que um dom infinita e eternamente gratuito abre e possibilita e que dura apenas no acto puro da sua gratuitidade. Por isso, nem o acordar nem o poder mágico de conhecer, aprender, querer, de pensar e amar o podem fazer voltar aos estados de vigília da consciências dos sujeitos, como no sono. Ficam, com certeza, também, registados no roteiro de viagens a mundos desconhecidos que como humanos que desejam ser, tornar-se mais humanos  não poderão deixar de realizar constantemente.