segunda-feira, 23 de junho de 2014

Os nomes, as representações, as coisas, as pessoas e Deus

Diz-se que cada coisa, cada pessoa, cada ser, cada acontecimento e relação têm o seu nome que, de certa forma, os representa e traduz a sua essência e que Deus conhece tudo pelo seu nome. O Antigo e o Novo Testamento referem, com frequência, que Deus deu um nome a tudo aquilo que criou e continua a criar e conhece e reconhece pelo seu nome. O próprio Jesus de Nazaré, em muitas passagens do seu ensinamento e da sua comunicação com a sociedade e as elites do seu tempo utilizou, este tipo de imagens e metáforas. Que cada coisa, pessoa, acontecimento, relação seja delimitada e representada por um nome, uma imagem, uma ideia ou metáfora na comunicação entre humanos é natural ou convencional e faz parte da sua própria modalidade de ser. Que Deus Infinito e Absoluto precise de nomes ou de representações, imagens, ideias ou metáforas para conhecer as suas criaturas só pode ser entendido num sentido metafórico e antropomórfico. Partindo de uma concepção mais rigorosa e honesta de Deus Uno e Trino que nos é possível projetar através da nossa inteligência e raciocínio seria mais justo dizer que Deus não precisa de qualquer nome, representação ou metáfora para conhecer tudo o que existe ou venha a existir, nós é que o concebemos ou delimitamos à nossa medida. À luz do poder mágico de conhecer e aprender que nos apraz destacar e de uma maior honestidade mental para com o Deus da fé que a inteligência humana consegue, de certa forma, intuir e conceber, deveríamos, pelo menos, fazer um esforço para nos despirmos dos nossos antropomorfismos, das nossas imagens e metáforas e tentar senti-lo de uma forma mais pura e desligada das nossas amarras, das nossas fronteiras e limites como um Deus diferente, que conhece, representa, vê, intui e ama, de outra forma sem forma, simplesmente.
Deste modo, tudo seria mais verdadeiro, mais honesto, sério e revelador de alguém que escapa infinitamente no próprio ato em que, de algum modo, se apresenta, se revela como mistério insondável e presente na sua infinita ausência omnipotente, como Deus Pai, Misericordioso e Bom e  que se deu e dá, por inteiro, em Seu Filho, Jesus Cristo e no Amor Eterno e Inefável do Espírito que os une em Só e Único Deus. Não será que os crentes, mesmo os mais simples e iletrados, não se sentiram mais confortados com um Deus menos ao seu alcance mas mais autêntico e presente, como um Deus infinitamente bom, amoroso e misericordioso e, sobretudo, Pai, em Jesus Cristo e no Amor do Espírito que é e possibilita por inteiro e infinitamente a dádiva entre o Deus Pai e  o Deus Filho? Esta é a grande interrogação que deveria estar sempre presente no coração dos crentes e de todos aqueles, que, de alguma maneira, procuram um Verdadeiro, Trino e Único Deus que dê sentido às suas vidas e à sua sede de conhecer, aprender, descobrir, de sentir, de querer e de amar como o verdadeiro poder mágico do ser humano.

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