segunda-feira, 21 de fevereiro de 2022

Europa e a Nato

A tensão existente entre a Rússia e Ucrânia poderá ser o tempo para começar a repensar a Europa e a Nato. Talvez, este pacto, no fundo, já não se apresente como um potencial de paz, mas antes de discórdia e de guerra. Os Estados Unidos cada vez menos precisam da Europa e a Europa não poderá continuar a estar dependente dos Estados Unidos. Por outro lado, a Europa terá de afirmar-se no mundo através de um melhor entendimento com a Rússia. Por isso a crise existente entre a Rússia e Ucrânia poderia ser o início desse tempo para começar a rever, a sério, a relação entre a Europa e a Nato e repensar o futuro da nova Europa. Não sei se os atuais protagonistas políticos terão capacidade e visão para fazer esse debate que mexe com estruturas complexas e extremamente pesadas. Aos meus olhos, hoje, a Nato e outras organizações militares semelhantes já não são as que melhor garantem a paz entre os povos. São precisos outros modelos de desenvolvimento e convivência sobre novos fundamentos que o progresso científico e tecnológico possibilita e ponham a riqueza disponível do mundo, de uma forma mais justa e equitativa, ao alcance de todos. Acho que é por aí que o diálogo e o debate entre todas partes, deveriam prosseguir de uma forma séria, genuína e leal. Será ainda cedo demais?

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

A maioria absoluta que Marcelo ofereceu a Costa e que não desejava

 Aos meus olhos, o Presidente Marcelo ao dissolver o Parlamento queria continuar com Costa mas sem maioria absoluta. O que aconteceu depois foi a vitimização de Costa contra os seus parceiros de geringonça, o acenar com os fantasmas da vinda da direita do Chega que Rio não queria estancar, os cordões sanitários do CDS e a IL em relação ao Chega que impediam a expansão do PSD para a direita e extrema direita e a ausência de cordões sanitários do PS em relação à esquerda e extrema esquerda. Acho que foram estes os ingredientes que encontraram eco num eleitorado adormecido pelo regime e dependente de reformas e subsídios de subsistência que não queria arriscar. Este é um estado de coisas que tende a manter-se e que interessa sobretudo ao PS. A mudança terá que ser preparada por uma coligação à direita sem cordões sanitários com base num programa dinamizador, realista, consistente e bem fundamentado construído em diálogo frontal, leal e aberto a todas as forças políticas à direita do PS. Mas não poderá haver meias tintas nem manipulações de nenhum partido, nem do PSD que, neste momento, é de longe a força mais representativa. Nas eleições de 30/01/2022, acho que esteve eminente uma viragem no eleitorado mas Rui Rio tinha ficado manietado pela sua própria campanha interna para a reeleição e pelas orientações do Congresso. Costa aproveitou-se disso forçando-o a manter cordões sanitários à direita e extrema direita enquanto para si deixou o terreno completamente livre à esquerda e extrema esquerda. Sem um estudo e reflexão profundos do que aconteceu não valerá a pena mudar de líderes nem desenvolver estratégias desgarradas de oposição a um PS com maioria absoluta que se não fizer muitas ondas não precisará de ninguém nem mesmo do Presidente da República durante os próximos 4 anos. O país é que irá seguramente continuar adiado para melhores dias e com outros protagonistas. Oxalá, não seja de demasiado tarde para os Portugueses porque para os Deuses é sempre demasiado cedo.