segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

O mistério do Natal e a imensidão do universo da vida e da consciência

Nos meus 27 anos, há mais de cinquenta, tomando um porto velho após um almoço com Dona Maria Alice Cálem, que tratava por "madrinha", ela colocou-me uma questão que continua hoje a desafiar o meu espírito como, de certa forma, desafiou a mente do homem de todos os tempos no seu poder mágico de conhecer e aprender para explicar e compreender os mais diversos mundos na direção do imensamente grande, do imensamente pequeno e do imensamente consciente. Como é que o Deus de Jesus Cristo, nascido, encarnado neste grãozinho do universo, o planeta terra, recria, refaz, salva, ressuscita tudo o que existiu, existe e venha a existir nos diferentes níveis de realidade inconsciente e consciente? Na realidade, Jesus Cristo, ao encarnar, crê-se que  assumiu, recriou, redimiu, ressuscitou todos os mundo existentes e possíveis. Como amigo, na altura, de filosofar e interrogar a fé e os textos sagrados do antigo e novo testamentos e de outras fontes de inspiração de diferentes religiões já me tinha defrontado com esta questão mas achei interessante, que há época, essa fosse também uma preocupação da Dona Maria Alice embora a tivesse como uma Senhora muito bem formada e culta.  Hoje, após todo esse tempo e de, com frequência, à luz das últimas notícias da ciência que nos vão chegando do fundo da realidade seja na direção do imensamente grande, seja na do imensamente pequeno e do imensamente consciente, tenho-me recolocado essa questão e a resposta que nos continua a chegar, nos envolve e nos obriga a questionar continuamente é a de um mistério insondável que nos deslumbra, inquieta, acalma e desafia. É este desafio que, hoje, aqui gostaria de deixar a todos aqueles que desejam ir um pouco mais além e mais fundo não obstante o desconforto, o preço que isso possa ter para as nossa vidas mais menos superficiais, simplistas, acomodadas.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Ser responsável antes de ser livre

Este é um pensamento que desenvolvi em artigo, extraído da tese de doutoramento em Filosofia, sobre Verdade e relação ética em Manuel Lévinas, publicado, em 1981, na Revista da Faculdade Filosofia, Braga, que continua a vir-me ao espírito sempre que é abordada a questão ética nas instituições, nas sociedades e nos comportamentos das pessoas dos nossos dias: o ser humano é responsável antes de ser livre e constitui o fundamento da sua ação ética como pessoa. Como? Esta é a grande questão que se coloca. Manuel Lévinas recorria a uma relação com o outro, o outro total e simplesmente, que ele chamava de não violência da representação lógica, anárquica, que precederia a própria existência e pressupunha um outro sentido de liberdade: liberdade de o ser humano fazer o que realmente quer e não apenas a livre escolha de fazer isto ou aquilo. Ou seja, o que é que o ser humano quer, deseja, no mais fundo de si? Ser, ser mais e melhor, tornar-se mais humano, ser feliz. Será isto possível no mundo em que vivemos? Faz sentido ontologicamente falando ou apenas para quem tem fé em Alguém, num totalmente outro, Deus? Mas essa é precisamente a questão.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

A aprendizagem do futuro

Na perspectiva do "conhecer e aprender como poder mágico", parece cada vez mais óbvio que a aprendizagem do futuro, na família, na escola, no trabalho, na rua e nas sociedades, em geral, irá fazer apelo a novas formas, dinâmicas e contextos em que o impacto das tecnologias da informação e da comunicação será muito relevante. Na declaração de Salamanca, 21 e 22 de maio de 2018, ficou bem vincada essa orientação relativamente à formação e à aprendizagem na universidade e na sociedade do futuro. Marcelo Rebelo de Sousa, com aquele faro que lhe é próprio di-lo de forma magistral: “Estamos a formar [pessoas] para um novo tempo e para um novo espaço, para um mundo em que a constante é o câmbio, a mudança e a antecipação”. E acrescenta: “Antecipação com novas redes, novos métodos, com capacidade de ver e planear a médio e longo prazo, com políticas públicas de consenso de regime, que não mudem com cada governo, com cada legislatura, com cada orçamento como horizonte de futuro". E concluiu: “Porque educar não é tarefa de um governo, de um político, de um partido, de um sindicato, de uma confederação patronal, nem sequer de um país só. Educar é um desafio universal, hoje.”
A declaração de Salamanca 2018 não traz nada de novo mas reconhece e procura consciencializar para uma realidade que é cada vez  mais óbvia e que está bem sintetizada nesta breve descrição que se pode ler num dos relatos do evento:  Potenciar o capital humano das universidades, fomentar alianças e o trabalho em rede entre diversas entidades e, por fim, abraçar a transformação digital e bem gerir o seu impacto na sociedade. São estas as três grandes linhas de orientação que ficaram cimentadas na Declaração de Salamanca, o documento final que reuniu as conclusões de dois dias de discussão e reflexão por parte de mais de 700 reitores acerca da universidade ibero-americana do século XXI. O IV Encontro de Reitores Universia 2018 terminou esta terça-feira no Palácio de Congressos de Castela e Leão e, depois da inauguração de Marcelo Rebelo de Sousa e do rei de Espanha, foi encerrada pelo presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy. Foi precisamente com uma referência àquele que foi o primeiro tema em debate no congresso – “Formação e aprendizagem num mundo digital” – que o chefe do Executivo espanhol encerrou o IV encontro de Reitores. Depois de rasgados elogios à excelência da Universidade de Salamanca, que comemora este ano o seu oitocentécimo aniversário, e ao ensino superior espanhol, Mariano Rajoy afirmou: “As novas tecnologias e a digitalização já não são o futuro, são o presente” . Para mais informação, veja-se: https://www.dinheirovivo.pt/campus-santander-universidades-2018/galeria/declaracao-de-salamanca-define-o-caminho-para-a-universidade-do-seculo-xxi/ .


sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Ser e estar em Deus no tempo e no além-tempo

Aquilo em que eu acredito, alimenta a minha esperança e me dá uma grande serenidade e paz  é ser e estar no Deus de Jesus Cristo no tempo e no além-tempo. Será este o verdadeiro sentido da eternidade?

quinta-feira, 19 de julho de 2018

A homeostasia como marcador de auto regulação física, biológica, psíquica e social

A homeostasia poderia, talvez, considerar-se como um grande marcador de auto-regulação  responsável pelo equilíbrio físico, biológico, psíquico e social do ser humano. Quando tudo está no seu lugar e funciona dentro da dinâmica que lhe é própria estamos diante do silêncio do corpo e do espírito que se reflete em saúde e bem-estar. Pensar e sentir esta realidade e dizê-la simplesmente é sabedoria que a ciência e a técnica não poderão desmentir mas reconhecer. Poderá mesmo ser um pouco desse poder mágico de conhecer e aprender que o homem não pode deixar de perseguir e ativar no decorrer da sua existência para ser feliz. Como fazê-lo? É o segredo de que todos andam à procura. Os cientistas poderão dar alguma ajuda mas, talvez, seja mais uma sabedoria de vida que os seres humanos terão de acolher serena e espontaneamente no mais fundo de si mesmos e ser honestos, livres e responsáveis diante da existência que se lhe apresenta em cada momento como simples dádiva. 

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Marcadores neurocerebrais e psíquicos do sono

Em 1974, num seminário sobre "Questions Approfondies de Psychologie Differencielle", na Faculdade de Psicologia da Universidade Católica de Lovaina, o Professor Jacques Schotte, responsável pela disciplina, psiquiatra e psicanalista internacionalmente bem conhecido à época e que tive a oportunidade de o ter como co-orientador da minha tese de doutoramento, costumava repetir que para dormir "era preciso deixar o estado de vigília e passar ao estado de monólogo". Esta frase ficou gravada na minha memória. Fui-a repetindo aos meus alunos nas aulas de psicologia e ainda hoje me faz pensar sempre que o tema do sono e mais propriamente da insónia se coloca.
Durante a orientação da tese de doutoramento de Ana Allen Gomes, assistente e professora auxiliar durante bastantes anos da Universidade de Aveiro e atualmente professora associada da Universidade de Coimbra, que após o seu doutoramento tem conduzido uma investigação muito consistente e rigorosa sobre o sono e, designadamente, sobre sono dos estudantes universitários e o seu sucesso académico, dava comigo a pensar nessa frase.
Hoje, não tenho muitas dúvidas de que os estudos neuro-cerebrais já identificaram determinados marcadores fisiológicos e psico-sociais mais ou menos responsáveis pelo sono, essa misteriosa "viagem que todos os dias fazemos a um mundo desconhecido",  como diria Teresa Paiva. Lembrando-me, porém, do meu Professor de Lovaina, continuo a pensar que efetivamente as pessoas para dormirem têm de deixar o "estado de vigília", de diálogo com o mundo exterior e interior e entrar no "estado de monólogo", desligando-se de tudo e deixando-nos cair serena e inteiramente nos "braços do Morfeu". Experimente e as suas insónias serão muito menos frequentes e intensas.