segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Será que está a acontecer algo de novo em formação e inovação no ensino superior?


Após vários projectos de investigação em que foi concluído um número considerável de dissertações de Mestrado e Doutoramento e  depois de alguns anos em que me distanciei um pouco mais dessas temáticas e preocupações, uma questão que  me vem, com frequência, ao espírito é precisamente essa:.será que está a acontecer algo de novo em formação e inovação no ensino superior? As respostas que encontro, com base na informação que consigo recolher, não são muito esclarecedoras e convincentes. Tudo continua um pouco no mesmo ponto verificando-se apenas o aumento das burocracias que, porventura, não contribuem para uma maior organização e simplificação do sistema. Aquela transformação inovadora e qualitativa que se pretendia, julgo que se encontra, em boa medida, adiada. É pena mas é a percepção que, neste momento, nos fica.
A reforma de Bolonha  tão badalada parece não ter passado de pura cosmética e começa a ficar desacreditada. Os resultados, pelo menos, deixam muito a desejar em termos de uma formação mais vigorosa e rubusta- É mais espuma que outra coisa e é pena.
Revisitando sites mais metareflexivos sobre as novas tendências no ensino superior (new metatrends in higher education), princípios de 2012, verifico que algo parece começar a mudar rapidamente. Na base dessa mudança estão, em grande medida, as tecnologias mais avançadas da informação e comunicação e, designadamente, as novas gerações de computadores, de telefones, os smarthpones, os iphones, os ipods, os ipads e outras tabletes que irão criar novas formas e novos métodos de conhecer e aprender. Um verdadeiro poder mágico cada vez mais ao alcance de um grande número de potenciais utilizadores. Por isso, os métodos de aprender, investigar, comunicar irão sofrer profundas e significativas transformações. A própria organização e gestão das instituições formadoras e das sociedades irão mudar profunda e rapidamente. Quem não entrar nestas novas carruagens ficará irremediavelmente para trás.
Uma nova cultura educativa exigirá abordagens de conteúdo e metodológicas distintas bem como ritmos, espaços e tempos de aprendizagem e de pesquisa diversos. Mais do que nunca as aprendizagens terão de configurar estratégias e dinâmicas de pesquisa em que os aprendentes serão sobretudo instigados a colocar boas questões sobre as diferentes realidades físicas, biológicas, psicológicas, sociais, culturais na direcção do imensamente pequeno , do imensamente grande e do imensamente consciente em que as nanotecnologias e as nanociências irão, com certeza, abrir perspectivas muito mais promissoras a curto e a médio prazo. São desafios que já se colocam ao homem destes tempos que estão mais próximos do que nunca.
Apesar das densas e ameaçadoras núvens que atravessam os grandes e os pequenos espaços  e  os povos deste planeta, tudo parece estar a transformar-se e a mudar para melhor  mas é preciso que os novos cidadãos deste mundo cada vez mais globalizado e instável  estejam à altura destes tempos  e dos futuros que se avizinham. A educação, a formação e a pesquisa  irão ter, como sempre, um papel muito importante a cumprir e  o ensino superior terá, com certeza, uma palavra especial a dizer na matéria.  Estamos certos  de que isso irá realmente acontecer apesar das dificuldades e problemas com que, neste momento, se debate sobretudo em termos económicos e financeiros.
Continua  a ser muito importante, como em outras grandes mudanças e transformações do passado incutir nos principais  actores de formação e educação uma grande vontade de conhecer e aprender. Trata-se, na verdade, de um verdadeiro poder mágico, dimiúrgico, de inovação  em que  uma grande avidez e uma certa loucura como recomendava e praticava Steves Jobs não poderá deixar de acontecer sob pena de tudo ficar igual ou ainda pior. É esta enércia e imobilismo que será necessário contrariar e afastar constantemente.  Mas isso exigirá também uma mudança de esquemas mentais e de atitude permanente. Tudo isto parece fácil mas não o é de todo e exige discernimento, persistência e determonação.
Onde está o Programa de Bolonha  nas  Universidades? Houve progresso ou regresso? Perguntas que voltam, de novo,  e a que será preciso dar uma resposta  rigorosa e actualizada. Embora não possamos dizer que não tenha havido algum  progresso o facto é que as instituições do ensino superior foram  inundadadas de burocracias  inúteis que vieram consumir muita da energia e do tempo disponíveis dos principais actores  provocando  um certo retrocesso  em muitas iniciativas  que no campo da pesquisa e da formação estavam a acontecer.  Alguns testemunhos que nos chegam de docentes e alunos vão neste  sentido mas será necessário fazer estudos mais pormenorizados para tirar conclusões. A linha de investigação do CIDInE sobre "Docência e Inovação no Ensino Superior - DIES" está a projectar um colóquio para debater  essa temática com os principais actores de instituições do ensino superior envolvidos no programa. As conclusões  poderão originar publicações em revistas da especialidade para que o debate prossiga, se alargue  e possibilite  novas concepções e formas de intervenção  mais adequadas.