terça-feira, 25 de setembro de 2012

Conhecimento e honestidade intelectual

Tenho insistido que conhecer e aprender é um verdadeiro poder mágico do ser humano.  Hoje essa realidade é cada vez mais evidente. Também sabemos que o conhecimento e a aprendizagem são actividades transversais a toda acção humana. A sua estrutura e dinâmica pressupõem três elementos essenciais: sujeitos com capacidade cognitiva, objectos susceptíveis de ser conhecidos e a união ou acto entre sujeito e objecto ao nível da sensação/percepção, da imaginação, da idealização ou conceptualização, do juízo ou da afirmação e do raciocínio. Se esta união ou acto não se verificar o conhecimento ou a aprendizagem não poderão acontecer. Mas a qualidade deste poder mágico, demiúrgico, transformador não depende apenas da simples união entre o sujeito cognoscente e o objecto ou a realidade conhecida ou  a conhecer. O conhecimento e a aprendizagem não poderão reduzir-se a meros automatismos reflexológicos, de condicionamentos ou hábitos mais ou menos complexos. Precisa, sobretudo, de uma grande disponibilidade e acolhimento mental, consciente por parte do sujeito para assimilar, acomodar e equilibrar em si os estímulos provenientes do mundo dos objectos existentes interna ou externamente e possíveis que desse modo enviam sinais da sua presença seja qual for o lugar e a distância a que se encontrem, a velocidades elevadíssimas em função da sua natureza sonora, luminosa ou outra. É maravilhoso imaginar toda essa variedade de sinais de presença de realidade existente que nos chega constantemente  e, de alguma maneira, entra em nós e fica a fazer parte de nós enquanto sujeitos conscientes, abertos e disponíveis. É para esta maravilha do poder mágico de conhecer que possibilita toda a aprendizagem que gostaria de chamar a atenção. Este acolhimento, porém, pressupõe da parte do sujeito uma grande honestidade intelectual,  mental o que nem sempre infelizmente se verifica. Basta dar um passeio breve pelo mundo dos homens, pelos seus valores, pelas suas concepções ideológicas, pelas suas crenças, pelos seus comportamentos para encontrar enormes dissonâncias e contradições. Fala-se de diálogo, fazem-se promessas, organizam-se encontros para os povos se entenderem e estabelecerem consensos e o que se vê são dissensos, confusão e violência. Por isso, talvez seja necessário levar mais longe e mais fundo este poder mágico de conhecer e aprender através de uma formação, de uma educação mais cidadã, mais comunitária, mais rigorosa, séria, tolerante, deversificada, mais humana. Trata-se de uma necessidade e de um desígnio da sociedade emergente que não poderá ser adiado por mais tempo mas que terá que assentar em mais e melhor conhecimento e homestidade intelectual, sobretudo, dos principais actores sociais e políticos. 

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