segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Dizer-se crente, agnóstico, ateu, que sentido tem?

Ouvem-se, com frequência, da boca de personagens com mais ou menos notoriedade científica, artística, política, cultural, afirmações como:  eu sou crente, eu sou agnóstico, eu sou ateu, etc. Em termos verdadeiramente humanos que significado têm tais afirmações? Serão mais do que dizer: eu sou PSD, PS, PCP, CDS - PP, bloquista, portista, benfiquista, sportinguista, lions, rotário, maçon, judeu, moçulmano, hindu, etc.? Acho que há diferenças, sem dúvida. Aquelas, em geral, são mais existenciais  e estas mais clubísticas ou religiosas. De qualquer modo, quando as pessoas se apresentam como crentes, agnósticos ou ateus, com muita frequência, acabam por fazer afirmações vazias ou evasivas, denotando mesmo um certo desconforto, descompromisso ou preguiça mental.  Se olharmos, porém, um pouco mais fundo, para este tipo de expressões, julgo que as atitudes que lhe estão subjacentes apontam, porventura,  no sentido de que no ser humano há qualquer coisa de crente, de agnóstico ou mesmo de ateu apesar do que este tipo de afirmações possa significar. Tudo está estreitamente religado ao ser que o sentido etimológico da própria palavra 'religião' suporta e o aproxima de espiritualidade. Os seres, os entes apenas são reais ou possíveis na sua ligação ao ser. Tudo vem do ser e respira ser. O não-ser não é nem pode simplesmente existir. A este nível religião e espiritualidade acabam por ser uma mesma coisa.

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