sexta-feira, 14 de junho de 2013

O poder do conhecer e a sabedoria do crer

Duas atitudes que recortam concepções do mundo e da vida distintas mas que, de algum modo, se implicam mutuamente. Hoje, apesar dos agnosticismos, dos ateismos e, sobretudo, de uma indiferença envergomhada ou fictícia, a ligagação entre estas duas atitudes e representações da realidade tornou-se na questão fundamental dos cientistas, dos filósofos e dos sábios. O poder de conhecer, de aprender, a sabedoria de ser e a força do crer constituem o verdadeiro poder mágico do ser humano na grande aventura de tornar-se mais humano que constitui o anseio mais fundo e dinâmico do seu querer, da sua vontade. Por isso, a educação do cidadão que etimologicamente significa ajudar a sair do seu próprio fundo e desenvolver-se em interação esteita e equilibrada com os contextos mais ou menos favoráveis que a vida proporciona até à sua otimização, constitui o afazer fundamental do ser humano. No cerne dessa intenção e dessa ação estão sem dúvida esses dois pilares ligados por esse luminoso e copulativo: o poder de conhecer e a sabedoria do crer que é também amar, respeitar, ser honesto para com a realidade, com os outros, com a vida, numa palavra,  com tudo aquilo que existe ou é possível de vir a existir.  Este é também o cântico de louvor e de prece que o ser humano com fé ou sem fé não poderá deixar de entoar e dirigir a toda essa beleza, maravilha que se revela e esconde em tudo o que existe ou é susceptível de poder vir a existir. Ser é o seu nome a que o homem pelos tempos fora foi dando outros nomes que, de certa fora, revelam e escondem Algo, Alguém que muitos também chamamos Deus e uns poucos reconhecem como Pai, como Amigo, em Jesus de Nazaré, o Cristo, o Deus com os homens. Tudo isto pode ser visto e condensado nesse luminoso e copulativo em que se ligam o poder de conhecer e a sabedoria do crer que exprimem e ocultam o verdadeiro poder mágico, demiúrgico do humano que lhe permite tornar-se mais humano até a sua plena realização. Mesmo nestes tempos, de enorme progresso científico e tecnológico, não podemos esquecer esta realidade que nos habita e que revela e oculta a verdadeira identidade do ser humano em evoução no tempo ha muitos milhares de anos. Olhar para a realidade, por este prisma, não poderá fazer-se através de uma lógica da representação que define, recorta, violenta, tapa mas da alêtheia que revela ocultando, na aliança dialógica do discurso da não violência, do respeito e da honestidade para com a realidade que, no momento em que se oferece, não se deixa algemar nas fronteiras do conhecer e exige a abertura misteriosa, sábia e livre do crer. Por aí se pode, pelo menos, vislumbrar a verdadeira identidade do homem na sua realidade mundana no tempo e no espaço como ser não acabado em desenvolvimento constante no seu no seu estar e devir como ação única e insubstituível  que o próprio poder de conhecer e aprender  efectiva e naturalmente desencadeia.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Marcadores de inovação

Desde sempre, nos mais variados domínios da actividade humana, foi importante identificar os principais marcadores de inovação. Em momentos de um certo deslumbramento artístico, científico, tecnológico, as pessoas e os povos tendem a ver coisas novas, inovação em tudo o que mexe e ficam embasbacados. Outras vezes, entram numa grande monotonia e, até, numa certa indiferença e depressão em que tudo está mais do que visto e se patina no mesmo ponto como se tratasse de um pneu atolado na lama ou de um disco estragado. A pergunta que se coloca normalmente é: como identificar os possíveis marcadores de inovação nos diferentes domínios da ação humana e como incentivá-los e otimizá-los? Esta questão remete-nos para o conhecimento e a aprendizagem. Ou seja, o que é conhecer e aprender que costitui a sua estrutura e ação fundadora? O que é que fazemos na ação de conhecer e a prender que provem do ser e de um certo estar no contexto de uma realidade mais ou menos alargada existente e possível ? Digamos, estas questões, colocam-nos a problemática da essência e natureza de conhecer e aprender bem como das suas margens ou limites. Em si mesma, a ação de conhecer e aprender é sempre um acontecer inefável, inovador e, de alguma forma, transformador, demiúrgico, mágico, criador. Na ação de conhecer que possibilita o próprio processo de aprender, tudo parece iniciar-se  na e através da intuição que ao nível do humano depois se desdobra nos mais variados e complexos raciocínios em que o sujeito cognosente, diante das mensagens que a realidade existente e possível, incluindo a do seu próprio mundo interior, lhe oferece, se une a ela, a  assimila, acomoda, equilibra, se lhe adapta e age, assumindo uma nova realidade objectiva e subjectiva que se desenvolve e otimiza indefinidmente na ação dialógica e dialética de uma aliança imanente e transcendente com outrem e com o outro mundanos e extramundanos. Sentir,  perceber e acolher este clique intuitivo que está subjacente a toda a ação científica, artística ou tecnológica é o princípio da invenção e da criação artística em que o poder mágico de conhecer e aprender assume toda a sua força e intencionalidade. Por isso, os marcadores de inovão, seja qual for o domínio em que nos situemos, terão de ancorar-se neste fundo em que efectivamente o humano devem mais humano em toda a sua intenção, extensão e profundidade. Esses marcadores decorrem da simplicidade, da espontaneidade, da originalidade e da sua concisão e justeza. Como me apraz repetir: tudo é complexo mas a compexidade é simples. O que é preciso é compreender e explicar  o quê, o porquê e o como dessa intuição criadora na  própria ação, inefável, demiúrgica,  mágica de conhecer e aprender que deverá servir de encorajamento e motivação a todos os que constroem conhecimento, científico, pedagógico, artístico ou filosófico e fazem a sua aplicação tecnológica e prática.
  

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Viagem ao fundo de cada coisa existente ou possível

Todos os dias, no enlevo do sono, "fazemos uma viagem a um mundo desconhecido", diria Teresa Paiva. Efectivamente, enquanto dormimos não sabemos nada por onde andamos e que mundos visitamos. O mesmo acontece em situações de coma e outros estados biopsíquicos em que, na verdade, não guardamos nada que posteriormente possamos lembrar e reproduzir. Na viagem ao fundo das coisas existentes e possíveis que a consciência e  o pensamento nos possibilitam realizar acontecem normalmente duas coisas: a primeira em que descemos os diferentes patamares molecular, atómico, subatómico, smplesmente energético com matéria ou antimatéria mais ou menos densa e pesada em espaço cada vez mais rarefeito e etéreo e a segunda em que nos defrontamos com a sensação repentina em que tudo escurece que embora não nos impeça de continuar a viagem, como no sono, não sabemos mais onde fomos e por onde andamos. Só sabemos que regressamos sempre ao nosso ponto de observação, ao estado de vigília com as mãos cheias de nada. Ou melhor um nada cheio de tudo que nos instiga constantemente a repartir, como no sono, para saciar a nossa fome existencial de requilíbrio físico, biológico, psíquico, cultural, humano. Na verdade, somos uma espécie de coisa que se alimenta do real, ainda que impossível de atingir, do imaginário e do simbólico, pois é isso que nos faz e institui como humanos e nos torna mais humanos. Por isso, precisamos de fazer todas estas viagens a mundos desconhecidos quer no estado de uma certa inconsciência ou consciência adormecida quer nas asas da consciência e do pesamento que, embora nos permitam experimentar e experienciar toda a magia do conhecer, do aprender, do querer e do amar que constitui o nosso grande poder e nos torna mais humanos, termina abruptamente nos braços de um mistério que, porventura, apenas se desvela velando-se na sua própria altura, fundura e abrangência transcedente em um crer que um dom infinita e eternamente gratuito abre e possibilita e que dura apenas no acto puro da sua gratuitidade. Por isso, nem o acordar nem o poder mágico de conhecer, aprender, querer, de pensar e amar o podem fazer voltar aos estados de vigília da consciências dos sujeitos, como no sono. Ficam, com certeza, também, registados no roteiro de viagens a mundos desconhecidos que como humanos que desejam ser, tornar-se mais humanos  não poderão deixar de realizar constantemente.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Como é dar a volta no fim do universo?!

Já fui a vários lands ends na Europa, América, África, Oceânia e depois são os mares e o firmamento. Normalmente dá-se a volta, faz-se inversão de marcha ou toma-se outro meio de transporte para poder ir mais além. Às vezes, também  é preciso fazer manobras quando o espaço é exíguo. No Sul do Chile, disse-se, por graça, que um camião para dar a volta tem que ir à Argentina! E no fim do Universo? Terá que se ir a outro lugar, a outro tempo? Há fim? Há fronteiras? Como são? Às vezes brinco comigo e parto nas asas do pensamento até ao fim do universo, mas será que há fim do universo? E se não houver, como é? Há outras terras, outros mares, há outras energias, forças,  outros meios espirituais para ir mais além?  Que além? Há outros universos? E no fim de todos esses universos como é? Será que no fim de cada coisa, de cada ação, de cada relação, de cada acontecimento há um fim ou, pelo contrários, não será que todos estes fins se ligam e abrem num sem fim?  Que sem fim? E quem está aí e continua para além desse fim dos fins? A experiência que nos fica é que a determinado momento a nossa imaginação, o nosso pensamento não conseguem ir mais além, nem mais fundo e tudo se apaga abruptamente. Será que é esse o lugar ou não lugar em que a mente, a consciência, a razão dão lugar a crença, à fé? Crença, fé em quê, em quem? Em algo, em alguém que evoluiu e continua a evoluir indefinidamente? Mas de onde vem e para onde vai esse evoluir espontâneo e constante? Trata-se de algo absoluto, relativo, finito, infinito? Sabemos que o universo se encontra em expansão. Para onde? Sabemos que os nosso sol se irá extinguir dentro de cinco milhões de anos. e outros sóis, estrelas, cometas, planetas já se extinguiram ou irão extinguir-se dentro uns milhões ou biliões de anos. O que fica e como fica depois? Mas estas questões que aqui alinhamos acerca do imensamente grande colocam-se também com a mesma acuidade em relação ao imensamente pequeno no que concerne às coisas, aos acontecimentos, às ações existentes e possíveis. Será que a resposta a estas interrogações terá que ser procurada na direção do imensamente inteligente? Que é ser imensamente inteligente?  Quem é esse imensamente inteligente e poderoso?  O Primeiro Motor?  A Suprema Ideia de Bem? O Ser Perfeito? O Infinito? O Supremo Arquiteto? O Ser? Deus? Um Deus da Razão? Um Deus Infinitamente Bom, Paciente e Misericordioso a que apenas a fé revelada, em Jesus Cristo, dá acesso?  Um Deus que é Pai de tudo e de todos, Criador? Para questionar todas estas interrogações, este era o livro que gostaria de escrever não apenas à luz desse poder mágico de conhecer e aprender que nos habita mas também através dessa abertura mística à fé que nos possibilita um outro poder, porventura, na fronteira do humano, crer e amar que nos permite simplesmente dizer: Abba Pater.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Descoberta sobre o conteúdo dos sonhos

Desde há muito, através, sobretudo, do estudo, investigação e experienciação nos domínios da Psicanálise e da Psicologia Profunda se conhece bastante sobre o conteúdo dos sonhos. Ultimamente, uma equipa de investigadores japoneses neurocientistas com o apoio de tecnologias informáticas avançadas deram um passo mais nesse conhecimento e compreensão. A experiência realizou-se no laboratório de Yukiyasu Kamitani, do Instituto Internacional de Pesquisas de Telecomunicações Avançadas (ATR) de Kioto. O Dr. Yuri Kamitani, coordenador do laboratório afirmou que "há muito tempo os humanos se interessam pelos sonhos e seus significados, mas até agora apenas a pessoa que sonha conhece o conteúdo do seu sonho". Talvez esta nova experiência permita conhecer melhor os seus conteúdos e a sua influência nas doenças psicológicas, momentos dramáticos da vida, etc. Estes cientistas obtiveram sinais do sonho de 3 pessoas e procuraram registar as imagens através de um dispositivo que as descodifica durante a fase onírica. Por sua vez, registaram repetidamente a actividade cerebral de 3 pessoas durante a fase do sonho. Na experimentação realizada, sempre que aparecia um sinal de ativividade onírica, era registado e a pessoa acordada para saber que imagem é que ela estava a ver no sonho. A experiência foi repetida 200 vezes por pessoa. Uma base de dados foi montada e a exploração da actividade mental feita por aparelhos de ressonância magnética, pois em 60 a 70% dos casos já se pode prever o sonho e estabelecer  a relação entre os sinais e as imagens. Yuri Kamitani afirmou ainda que os " resultados demonstram que a experiência visual durante o sonho é representada por padrões específicos de atividade cerebral, o que permite decifrar o conteúdo dos sonhos". Será necessário, a partir de agora, ampliar as bases de recolha de dados e tentar chegar a uma nível de predição mais elevado. De qualquer modo, o caminho está aberto e irá, com certeza, ser muito promissor para o estudo e compreensão da atividade onírica e tratamento de situações de uma forma mais objectiva, rigorosa e eficaz. Trata-se, por isso, de uma pesquisa muito interessante e que deve ser reconhecida e aproveitada no futuro, pois, ela poderá facilitar a reconstrução a posteriori através da sequência de imagens da narrativa do sonho, da lógica que lhe está subjacente e dos padrões de conhecimento, de afetos e volições concientes, subconscientes e inconscientes em que assenta. O coodenador e a equipa estão de parabéns.
(Tive acesso a esta notícia em 5/4/2013, pela comunicação social).

    

 

domingo, 31 de março de 2013

A partícula de Deus

Os cientistas voltaram, de novo, à discussão sobre o bosão de Higgs ou também conhecido pela chamada partícula de Deus, uma partícula elementar bosônica prevista pelo Modelo Padrão de partículas, teoricamente surgida logo após ao Big Bang. Trata-se de uma peça que,  ultimamente, foi melhor conhecida e retomada para a compreensão da estrutura da matéria e do começo e expansão do universo. O pretexto, desta vez, foi o de uma foto do universo uns trezentos mil anos após o Big-Bang. A discussão é travada ao nível puramente científico e, por isso, apesar da informação extraordinária, entretanto acumulada e melhor compreendida, as grandes interrogações permanecem todas em aberto  sem uma verdadeira resposta. Trata-se apenas de mais uma narrativa, um texto que em vez de revelar tapa e, de certa forma, pretende calar as questões maiores que desde sempre se colocaram nos domínios da cosmologia e da astrofísica: e antes do Big-Bang, como se apresentava a realidade? Uma matéria imensamente concentrada? E o espaço e o tempo eram parte integrante dessa concentração, como? Essa realidade imensamente concentrada existiu desde sempre, era eterna no tempo? E o espaço como era?  Era matéria e energia, tempo e espaço, não tempo e não espaço? Sem enfrentar a exigência e o despojamento mental para introduzir o verbo "criar" na tentativa de explicação e compreensão, em toda a sua força, simplicidade e consequências, todas respostas esbarrarão com uma petição de princípio que compromete e, em certa medida, anula toda e qualquer tentativa de resposta por mais inteligente, honesta e esclarecida que pareça. É essa, pelo menos, a minha modesta convicção, neste momento, e também aquela que, em boa medida, confirma a ideia que tinha quando há mais de 40 anos leccionei uma disciplina de coslogogia científica no ensino superior, muito embora o estado da ciência e do conhecimento fossem, nessa altura, bem diferentes. Relativamente, porém, a essas questões fundamentais, julgo, que, efectivamente, muito pouco se andou. Uma coisa é certa, também aqui "o poder mágico de conhecer e aprender" assumirá uma primacial relevância se não se perderem de vista os limites das suas margens reconhecendo que, no fundo, a realidade é insondável e o ser humano por mais inteligente e evoluído que seja não a poderá jamais definir e muito menos esgotar. A narrativa, vinda do fundo do tempo, das civilizações e da cultura, retomada pela Bíblia e "no princípio criou Deus o céu e a terra" e tudo o que existe ou venha a existir, continua de pé. As respostas do desenvolvimento científico e tecnológico, no fundo, não são contraditórias mas precisam de ir mais longe e enfrentar esse grande desafio para o espírito humano que seria o de abrir-se à possibilidade da existência de Deus infinitamente sábio e inteligente, clemente, misicordioso,  bom e todopoderoso que é simplesmente e desde sempre que a cultura judaico-cristão procura guardar e transmitir.




















domingo, 10 de março de 2013

Vai e vem de um eco opinativo que acabava por revelar um enorme círculo de superficialidade

Ao nível da comunicação social e, até, científica e cultural está-se em presença de um vai e vem de um eco opinativo cujo resultado é, de certa forma um enorme e repetitivo círculo de superficialidade, inconsistência e, porventura, muita irresponsabilidade. Vejamos mais de perto a realidade a que nos estamos a referir directamente. A ponta do iceberberg é, sem dúvida, a comunicação social. As tiradas jornalísticas, o comentário, sobretudo o de recorte político e sindical. Um discurso que inunda a opinião pública que, por sua vez, na sua grande maioria, devolve o eco dessa mesma opinião e tende a vazar para as ruas e para as redes sociais que, por sua vez, o vazam num contexto menos estruturado, difuso e, porventura, mais instável e perigoso para a tranquilidade e segurança das sociedades e organizações. Começa a ser um caldo preocupante que as sociedades em crise económica, financeira e social agudizan e avolumam. Mas este círculo de um eco opinativo e contagiante não se restringe ao mundo complexo e difuso da comunicação. A própria pesquisa científica e inovação se resentem e, de alguma forma, repetem esse eco que tende a reproduzir-se indefinidamente e das mais variadas formas, não apenas na produção de cada um dos autores mas também na comunidade científica, em geral. Trata-se não apenas de uma constatação simples e óbvia mas também de uma preocupação que encontra cada vez mais acolhimento sobretudo das pessoas mais atentas e esclarecidas. Urge dar a volta a esta situação embora uma resposta adequada e eficaz ainda não esteja devidamente consciencializada, reflectida e operacionalizada para a sua concretização. Também aqui se requer uma verdadeira magia do poder de conhecer e aprender a que os humanos têm naturalmente acesso. Mas este poder mágico de conhecer e aprender não poderá ser o poder do sofista ou do "aldrabão" dos nossos tempos mas o do sábio e do filósofo na sua tradição mais límpida e despojada.