sexta-feira, 6 de novembro de 2015

As minhas viagens da mente pelo imensamente grande, pequeno e consciente

Vinda do fundo da física, da química, da energia, da vida, do pensamento, a mente na dinâmica evolutiva do meio neuro-cerebral ascende ao proto-eu, ao eu nuclear e ao eu autobiográfico da consciência. Maravilhoso! Dou comigo, por vezes, em viagens pelo imensamente grande, o imensamente pequeno e o imensamente consciente. Qualquer caminho que tome acaba sempre por encontrar saídas que se abrem em qualquer dessas direções. Se me afoito na direção do imensamente grande encontro o imensamente pequeno e afundo-me no imensamente consciente. Se for pelo imensamente pequeno o resultado é semelhante. Viajo à velocidade do pensamento, da mente sem qualquer paralelo com as que é possível fazer ao nível puramente material e ultrapasso em instantes as camadas mais micro e nano da ciência e da tecnologia. Um mundo meu e de outras mentes ou seres inteligentes mais ou menos abertas e disponíveis que existam ou possam vir a existir na realidade total insondável e infinita. É maravilhosa, tentadora e gratificante esta sensação e, se formos honestos, humildes, autênticos e, não andarmos distraídos,  ela apenas pode convergir numa atitude: a adoração. Estas viagens acalmam-me e dão-me um grande bem-estar porque, de certa forma, me possibilitam  encontrar a minha identidade e unir os tempos de partida, de viagem e de chegada num mesmo e único tempo que é o meu verdadeiro tempo que se afunda no além-tempo que, como crente, a mente me insinua e a fé me confirma. Também este é um poder mágico de conhecer e aprender que me habita, me trabalha e não posso deixar de agradecer e dizer: obrigado, Senhor, Aleluia!

domingo, 5 de abril de 2015

Páscoa como passagem das passagens

5 de abril de 2015, é dia de Páscoa. Mais uma e sempre a mesma e o seu sentido e a sua mensagem são também sempre os mesmos: passagem das passagens, passagem da morte à vida, ressurreição para os que crêem no Cristo, Senhor e Salvador. Mensagem que vem do fundo do tempo e se estende até ao seu termo e, porventura, para além dele. É uma mensagem forte e de esperança para todos os seres inteligentes e amorosos que existem ou possam vir a existir e que se interrogam permanentemente pelo sentido de tudo o que é e possa vir a ser neste universo quer seja na sua dimensão do imensamente grande, do imensamente pequeno e do imensamente inteligente e amoroso. Por isso, o grito que os cristãos, hoje, repetem: ressuscitou, aleluia!, enche o coração dos crentes e de todos homens de boa vontade, de alegria e de esperança.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

As fronteiras das liberdades

Nestes últimos dias, em virtude dos violentos e odiondos ataques ocorridos, em Paris, todos eram ou charlies, não charlies ou indiferentes e unânimes na sua condenação de forma veemente e determinada. Nas gigantescas manifestações de Paris, de França e do mundo, o eco que vinha das ruas, da comunicação social e das mais variadas reações, discursos e opiniões que se fizeram ouvir a convite ou espontaneamente nos mais diversos azimutes, era muito semelhante. Assistimos também a reuniões ao mais alto nível e a medidas de alerta e de prevenção que, no imediato, foram tomadas de que destacaria, os 10 mil soldados, em França,  para reforçar  as polícias nos pontos de ameaça mais sensíveis. O que acontece, na realidade, é que os problemas continuam todos lá, em Paris e em outras muitas grandes, médias e pequenas cidades do mundo. Efetivamente, as sociedades e as comunidades dos homens, apesar de termos ultrapassado as grandes tensões da guerra fria, estão mais violentas e intolerantes. Aos meus olhos, tudo tem a ver com as fronteiras das liberdades que deveriam manter-se dentro dos valores fundamentais do respeito pela dignidade humana que está subjacente a convivência e à paz. Manuel Kant, na Ética dos Costumes, assume como um imperativo categórico, na linha de uma longa tradição de bom senso que vem do fundo dos tempos,  que o limite das minhas liberdades são as liberdades dos outros. Acho que este imperativo terá que continuar a ser válido no futuro sob pena das sociedades humanas se destruírem mutuamente. Neste grande desafio da nova ordem e convivência mundial, a educação do cidadão  terá que ser uma peça fundamental das diferentes ideologias, religiões e culturas e não apenas um desejo ou uma promessa vã dos políticos para conseguirem mais uns votos para alcançar o poder. O discurso comunicacional e argumentativo dos mais variados quadrantes tornou-se demasiado violento, falso, injusto e, não raro, ofensivo e pouco civilizado (educado) a que os diferentes meios da comunicação oral, escrita ou imagética estão longe de dar a resposta mais adequada e pedagógica. Sobressaem, particularmente,  na ressonância das suas notícias, opiniões e comentários, o interesse pelas audiências, a defesa das clientelas políticas, ideológicas e sindicais. Só um trabalho a sério e persistente poderá alterar este estado de coisas e ajudar a resolver os enormes problemas que afetam a comunidade mundial dos nossos dias bem como abrir verdadeiros caminhos de concórdia e de paz para o futuro. Continuar a repetir os erros do passado, não obstantes as manifestações, as festas de rua e a ostentação das vaidades, não conduzirá a lado nenhum. Até quando esta investigação e reflexão de fundo continuarão a estar ausentes da educação do cidadão seja ela presencial ou à distância, individual ou coletiva? Acho que é na resposta a esta questão que este combate inadiável e urgente deverá ser travado com convicção, discernimento, bom senso, coragem e persistência. Também aqui conhecer, aprender, bem querer e respeitar deverão estar dentro das prioridades essenciais da ação humana.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O maior desafio à inteligência humana de todos os tempos

O Deus Trino, o Deus Trindade de Um Único e Mesmo Deus. Um Deus que se dá todo em Jesus Cristo numa  Total e Infinita Dádiva de Amor, o  Espírito da Relação entre o Pai e o seu Filho Unigénito desde toda a eternidade. Este é o maior desafio à inteligência humana e a qualquer outra inteligência criada, existente ou possível,  Mistério é o seu nome. Tudo o que existe ou venha a existir assume um sentido que, nem sempre, vai ao encontro dos projetos e dos anseios dos humanos originando, por vezes, um enorme desconforto  ou revolta perante acontecimentos inesperados ou dramáticos da vida. Efetivamente, o homem põe e Deus dispõe mas nem sempre o resultado é convergente aparecendo até como completamente divergente e contraditório, sem sentido, absurdo aos olhos da inteligência humana e, por ventura, de toda e qualquer inteligência criada existente ou possível. É, nessa altura, que a abertura que o poder mágico de conhecer, aprender e amar do ser humano possibilita e oferece e, ao mesmo tempo,  o obriga a colocar-se numa outra atitude mais desnudada, realista e dentro das suas margens de criatura. É esta magia que nos dá que pensar, nos abre o caminho que conduz à felicidade e constitui a grande aventura deste ser inteligente, livre e responsável que nos habita e nos instiga constantemente.    

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Os nomes, as representações, as coisas, as pessoas e Deus

Diz-se que cada coisa, cada pessoa, cada ser, cada acontecimento e relação têm o seu nome que, de certa forma, os representa e traduz a sua essência e que Deus conhece tudo pelo seu nome. O Antigo e o Novo Testamento referem, com frequência, que Deus deu um nome a tudo aquilo que criou e continua a criar e conhece e reconhece pelo seu nome. O próprio Jesus de Nazaré, em muitas passagens do seu ensinamento e da sua comunicação com a sociedade e as elites do seu tempo utilizou, este tipo de imagens e metáforas. Que cada coisa, pessoa, acontecimento, relação seja delimitada e representada por um nome, uma imagem, uma ideia ou metáfora na comunicação entre humanos é natural ou convencional e faz parte da sua própria modalidade de ser. Que Deus Infinito e Absoluto precise de nomes ou de representações, imagens, ideias ou metáforas para conhecer as suas criaturas só pode ser entendido num sentido metafórico e antropomórfico. Partindo de uma concepção mais rigorosa e honesta de Deus Uno e Trino que nos é possível projetar através da nossa inteligência e raciocínio seria mais justo dizer que Deus não precisa de qualquer nome, representação ou metáfora para conhecer tudo o que existe ou venha a existir, nós é que o concebemos ou delimitamos à nossa medida. À luz do poder mágico de conhecer e aprender que nos apraz destacar e de uma maior honestidade mental para com o Deus da fé que a inteligência humana consegue, de certa forma, intuir e conceber, deveríamos, pelo menos, fazer um esforço para nos despirmos dos nossos antropomorfismos, das nossas imagens e metáforas e tentar senti-lo de uma forma mais pura e desligada das nossas amarras, das nossas fronteiras e limites como um Deus diferente, que conhece, representa, vê, intui e ama, de outra forma sem forma, simplesmente.
Deste modo, tudo seria mais verdadeiro, mais honesto, sério e revelador de alguém que escapa infinitamente no próprio ato em que, de algum modo, se apresenta, se revela como mistério insondável e presente na sua infinita ausência omnipotente, como Deus Pai, Misericordioso e Bom e  que se deu e dá, por inteiro, em Seu Filho, Jesus Cristo e no Amor Eterno e Inefável do Espírito que os une em Só e Único Deus. Não será que os crentes, mesmo os mais simples e iletrados, não se sentiram mais confortados com um Deus menos ao seu alcance mas mais autêntico e presente, como um Deus infinitamente bom, amoroso e misericordioso e, sobretudo, Pai, em Jesus Cristo e no Amor do Espírito que é e possibilita por inteiro e infinitamente a dádiva entre o Deus Pai e  o Deus Filho? Esta é a grande interrogação que deveria estar sempre presente no coração dos crentes e de todos aqueles, que, de alguma maneira, procuram um Verdadeiro, Trino e Único Deus que dê sentido às suas vidas e à sua sede de conhecer, aprender, descobrir, de sentir, de querer e de amar como o verdadeiro poder mágico do ser humano.

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sábado, 29 de março de 2014

O Deus em quem acredito

Faço parte da grande comunidade dos crentes mas não acredito num Deus qualquer. O Deus em que acredito não é o Deus dos filósofos,  dos cientistas, dos teólogos nem dos exegetas e hermenêutas. Também não é o Deus de budistas, de brâmanes nem mesmo de cristãos, maometanos e de muitas outras derivas religiosas monoteístas ou politeístas que se foram propagando ao longo dos tempos. O Deus em que acredito não se confunde com um Deus vingativo, justiceiro, implacável, longínquo que também vem do fundo do tempo atravessa a bíblia do antigo e novo testamento e, de certa forma, é reproduzido em muitos dos sermões e das homilias nas igrejas católicas e de outras religiões. O deus em que acredito é um Deus misericordioso, clemente, paciente, bom, amoroso e pai, em Jesus de Nazaré, o Cristo Senhor. Também este Deus vem do fundo do tempo e do além espaço-tempo e atravessa toda a bíblia e outras manifestações religiosas mas chega-nos através do silêncio, da paz de espírito, do murmúrio das águas e dos ventos, da simplicidade, da serenidade, da alegria e da inocência do sorriso  das crianças que, de algum modo ainda não foram contaminadas pelos sistemas sociológicos, culturais, religiosos. Embora acreditar neste Deus seja da ordem do dom gratuito ele pode ser acolhido pelos humanos através desse poder, desse querer que nos apraz chamar "poder mágico de conhecer e aprender" que possibilita a abertura, por onde esse Deus misericordioso, clemente, paciente, bom, amoroso e pai  pode entrar sem condicionar e muito menos sem forçar ou violentar a sua liberdade. Julgo que o Papa Francisco se esforça genuinamente por ajudar os crentes e os homens de boa vontade a encontrar e experienciar esse Deus através dessa abertura mas as enormes carapaças do sistemas mais ou menos institucionalizados ao longo dos tempos e que persistem tornam essa tarefa intransponível,  quase impossível. Fica a esperança num futuro melhor porque esse Deus também é o Deus da esperança que não deixa de se oferecer livre e espontaneamente a todos aqueles que efectivamente, mais tarde ou mais cedo, o desejam encontrar.    

quarta-feira, 5 de março de 2014

A narrativa e a celebração do mistério insondável que nos escapa em tudo e sempre

O homem, por natureza, tem uma avidez insaciável de conhecer, de aprender e um desejo enorme de amar e de estar com os outros e de se interrogar sobre Alguém infinitamente sábio, bom e misericordioso em quem, como crente ou ser inteligente e livre, possa acreditar ou simplesmente acolher e respeitar.  As perguntas que o ser humano dirige a tudo o que o rodeia desde os primeiros anos até ao fim da sua existência, num determinado tempo e num determinado contexto, não deixam qualquer dúvida sobre isso. Existe, porém, uma narrativa e uma celebração do mistério do Deus Trino e do Deus Encarnado que atravessa o antigo e o novo testamentos que é verdadeiramente misterioso e insondável para a inteligência humana de todos os tempos e, certamente,  para os tempos futuros, penso, dentro da evolução que a consciência possa vir a seguir. Os filósofos e, sobretudo, os teólogos e os exegetas estudaram e pesquisaram afincadamente estes mistérios que afinal são um só o Mistério do Deus Uno e Trino: Pai, Filho e Espírito Santo. Devo confessar que estas temáticas durante bastante tempo da minha vida despertaram no meu espírito um grande entusiasmo e curiosidade intelectual como amigo do filosofar que era, nessa altura, o meu a fazer principal. É esse também o mistério que atravessa todas as culturas e civilizações e vem do fundo tempo. Apesar da evolução e do progresso que, entretanto se verificou, e que, nestes tempos, apresenta ritmos cada vez mais vertiginosos, esse mistério permanece inefável e extremamente excitante para todos aqueles que não desistem de levar até ao limite o seu questionamento sem receio de fazer a experiência da sua própria finitude e reconhecer que só com a inteligência, a razão, por mais evoluída e realizada que seja, não é possível chegar à compreensão desse mistério. Para os teólogos e os crentes é aí que começa a fé e as diferentes religiões que possibilitam as distintas narrativas da ligação a um Deus para o qual convergem todas as explicações que dão sentido às mais variadas formas de existir, de ser e de comportar-se nesta cidade de homens inteligentes, livres e responsáveis, sem excluir outras cidades de seres inteligentes modelados de outras formas que possam existir ou vir a existir neste misterioso, imenso e maravilhoso universo. É  por esta abertura também que o poder mágico de conhecer e aprender poderá passar e assumir toda a sua força e significação sem deixar de aceitar e de reconhecer o seus próprios limites humanos.