quarta-feira, 5 de março de 2014

A narrativa e a celebração do mistério insondável que nos escapa em tudo e sempre

O homem, por natureza, tem uma avidez insaciável de conhecer, de aprender e um desejo enorme de amar e de estar com os outros e de se interrogar sobre Alguém infinitamente sábio, bom e misericordioso em quem, como crente ou ser inteligente e livre, possa acreditar ou simplesmente acolher e respeitar.  As perguntas que o ser humano dirige a tudo o que o rodeia desde os primeiros anos até ao fim da sua existência, num determinado tempo e num determinado contexto, não deixam qualquer dúvida sobre isso. Existe, porém, uma narrativa e uma celebração do mistério do Deus Trino e do Deus Encarnado que atravessa o antigo e o novo testamentos que é verdadeiramente misterioso e insondável para a inteligência humana de todos os tempos e, certamente,  para os tempos futuros, penso, dentro da evolução que a consciência possa vir a seguir. Os filósofos e, sobretudo, os teólogos e os exegetas estudaram e pesquisaram afincadamente estes mistérios que afinal são um só o Mistério do Deus Uno e Trino: Pai, Filho e Espírito Santo. Devo confessar que estas temáticas durante bastante tempo da minha vida despertaram no meu espírito um grande entusiasmo e curiosidade intelectual como amigo do filosofar que era, nessa altura, o meu a fazer principal. É esse também o mistério que atravessa todas as culturas e civilizações e vem do fundo tempo. Apesar da evolução e do progresso que, entretanto se verificou, e que, nestes tempos, apresenta ritmos cada vez mais vertiginosos, esse mistério permanece inefável e extremamente excitante para todos aqueles que não desistem de levar até ao limite o seu questionamento sem receio de fazer a experiência da sua própria finitude e reconhecer que só com a inteligência, a razão, por mais evoluída e realizada que seja, não é possível chegar à compreensão desse mistério. Para os teólogos e os crentes é aí que começa a fé e as diferentes religiões que possibilitam as distintas narrativas da ligação a um Deus para o qual convergem todas as explicações que dão sentido às mais variadas formas de existir, de ser e de comportar-se nesta cidade de homens inteligentes, livres e responsáveis, sem excluir outras cidades de seres inteligentes modelados de outras formas que possam existir ou vir a existir neste misterioso, imenso e maravilhoso universo. É  por esta abertura também que o poder mágico de conhecer e aprender poderá passar e assumir toda a sua força e significação sem deixar de aceitar e de reconhecer o seus próprios limites humanos.

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