sábado, 29 de março de 2014

O Deus em quem acredito

Faço parte da grande comunidade dos crentes mas não acredito num Deus qualquer. O Deus em que acredito não é o Deus dos filósofos,  dos cientistas, dos teólogos nem dos exegetas e hermenêutas. Também não é o Deus de budistas, de brâmanes nem mesmo de cristãos, maometanos e de muitas outras derivas religiosas monoteístas ou politeístas que se foram propagando ao longo dos tempos. O Deus em que acredito não se confunde com um Deus vingativo, justiceiro, implacável, longínquo que também vem do fundo do tempo atravessa a bíblia do antigo e novo testamento e, de certa forma, é reproduzido em muitos dos sermões e das homilias nas igrejas católicas e de outras religiões. O deus em que acredito é um Deus misericordioso, clemente, paciente, bom, amoroso e pai, em Jesus de Nazaré, o Cristo Senhor. Também este Deus vem do fundo do tempo e do além espaço-tempo e atravessa toda a bíblia e outras manifestações religiosas mas chega-nos através do silêncio, da paz de espírito, do murmúrio das águas e dos ventos, da simplicidade, da serenidade, da alegria e da inocência do sorriso  das crianças que, de algum modo ainda não foram contaminadas pelos sistemas sociológicos, culturais, religiosos. Embora acreditar neste Deus seja da ordem do dom gratuito ele pode ser acolhido pelos humanos através desse poder, desse querer que nos apraz chamar "poder mágico de conhecer e aprender" que possibilita a abertura, por onde esse Deus misericordioso, clemente, paciente, bom, amoroso e pai  pode entrar sem condicionar e muito menos sem forçar ou violentar a sua liberdade. Julgo que o Papa Francisco se esforça genuinamente por ajudar os crentes e os homens de boa vontade a encontrar e experienciar esse Deus através dessa abertura mas as enormes carapaças do sistemas mais ou menos institucionalizados ao longo dos tempos e que persistem tornam essa tarefa intransponível,  quase impossível. Fica a esperança num futuro melhor porque esse Deus também é o Deus da esperança que não deixa de se oferecer livre e espontaneamente a todos aqueles que efectivamente, mais tarde ou mais cedo, o desejam encontrar.    

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