quinta-feira, 12 de julho de 2018

Marcadores neurocerebrais e psíquicos do sono

Em 1974, num seminário sobre "Questions Approfondies de Psychologie Differencielle", na Faculdade de Psicologia da Universidade Católica de Lovaina, o Professor Jacques Schotte, responsável pela disciplina, psiquiatra e psicanalista internacionalmente bem conhecido à época e que tive a oportunidade de o ter como co-orientador da minha tese de doutoramento, costumava repetir que para dormir "era preciso deixar o estado de vigília e passar ao estado de monólogo". Esta frase ficou gravada na minha memória. Fui-a repetindo aos meus alunos nas aulas de psicologia e ainda hoje me faz pensar sempre que o tema do sono e mais propriamente da insónia se coloca.
Durante a orientação da tese de doutoramento de Ana Allen Gomes, assistente e professora auxiliar durante bastantes anos da Universidade de Aveiro e atualmente professora associada da Universidade de Coimbra, que após o seu doutoramento tem conduzido uma investigação muito consistente e rigorosa sobre o sono e, designadamente, sobre sono dos estudantes universitários e o seu sucesso académico, dava comigo a pensar nessa frase.
Hoje, não tenho muitas dúvidas de que os estudos neuro-cerebrais já identificaram determinados marcadores fisiológicos e psico-sociais mais ou menos responsáveis pelo sono, essa misteriosa "viagem que todos os dias fazemos a um mundo desconhecido",  como diria Teresa Paiva. Lembrando-me, porém, do meu Professor de Lovaina, continuo a pensar que efetivamente as pessoas para dormirem têm de deixar o "estado de vigília", de diálogo com o mundo exterior e interior e entrar no "estado de monólogo", desligando-se de tudo e deixando-nos cair serena e inteiramente nos "braços do Morfeu". Experimente e as suas insónias serão muito menos frequentes e intensas.

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