quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O poder mágico de conhecer e apreder na educação e na pesquisa

Avançar com um blogue sobre um tema desta natureza é um enorme desafio atendendo sobretudo ao qualificativo "mágico". Trata-se efecticamente de um poder´mágico no sentido de ser essencialmente transformador, dimiúrgico que a acção de conhecer e aprender de facto envolve. É por esta via que orientaremos os comentários que iremos disponibilizando neste blogue.

O poder mágico de conhecer e apender poderá desenvolver-se em diferentes campos de incidência. Neste caso, esses campos são a educação e a pesquisa. Não valerá a pena referir que se trata de campos extremamente complexos e desafiadores em que a magia de conhecer e aprender em toda a sua força, discernimento e criatividade terão de ser postos à prova. Vejamos pois como esse poder mágico, demiúrgico, criador se manisfesta e actua:

na educação
Como sabemos, do ponto de vista etimológico, educação deriva de educere "sair do seu próprio fundo", "desenvolver-se a partir do seu próprio potencial" biológico, psicológico em interacção como as diferentes mediações internas e externas espácio-temporais. A educação, como construção no espaço e no tempo. Educar pressupõe, duas dinâmicas que se implicam e potencializam:

na formação e pesquisa.

Formação e pesquisa são duas realidades, de alguma forma, inseparáveis. Hoje, não se pode formar sem investigar e investigar é, de alguma maneira também, formar. Os alunos, os professores e os investigadores não podem deixar de trabalhar esforçada e rigorosamente nesta perspectiva quer no aprofundamento das próprias temáticas quer nas metodologias a pôr em acção. Tudo isto, porém, terá de passar através desse poder mágico de conhecer e aprender que é transversal a toda a acção humana. Só assim nos tornaremos mais humanos que é o grande objectivo desta aventura em que todos estamos envolvidos. Mas haverá que fazê-lo com uma grande avidez à mistura com uma certa loucura que nos torma mais disponíveis sobre o passado, o presente e o futuro para os re-inventar, recriar e transformar ou, mesmo, transmutar. Eis o grande desafio verdadeiramente demiúrgico e criador que nos espera nos novos tempos.
Do mais fundo da nossa realidade inconsciente e consciente que se desdobra muito provavelmete a partir de toda a arquitectura genética e neurocerebral que suporta e possibilita o fenómeno da consciência, conhecer e aprender estão subjacentes a toda a acção verdadeiramente humana pessoal e colectiva. Por isso, conhecer e aprender para além do fascínio e cupidez que encerram são também fonte de querer, de poder, de amar e estar com os outros. Daí que despertar os alunos para esta realidade deverá ser uma prioridade de toda e qualquer acção educativa e da própria vida do homem na sua grande aventura de se tornar mais consciente e livre, mais humano.
Avivar esta vontade, este desejo, esta fome de querer conhecer e aprender é abrir-se e predispor-se para a pesquisa e invenção cientítica, transformação tecnógica e criação artística; é o princípio da sabedoria que constitui esse poder mágico do humano que deverá configurar toda a sua acção. Como entusiasmar os alunos, desde cedo, a embarcar nesta aventura é o grande desafio e o trabalo fundamental a realizar com eles na educação e na formação. É essa, pelo menos, a minha convicção.
Se os alunos e as pessoas, em geral, na sua vida do dia a dia, não qusiserem conhecer mais, aprender continuada e progressivamente qualitativa e quantitativamente, devevolver e optimizar este poder mágico de conhecer e aprender, os conteúdos de conhecimento cietífico e pedagógico e as diversas e sofisticadas metodolgias utilizaadas para o efeito serão insignificates e ineficazes. Será preciso antes ajudar a libertar essa vontade, esse desejo, esse poder de conhecer e aprender. É essa a convicção e a atitude que encontramos nos grandes cientistas, pedagogos e artistas de todos os tempos e constitui a grande força que os fez avançar, desenvolver-se e tornar-se conhecidos. Esta intuição é fácil de descobrir na suas obras bastando apenas alguma atenção e discernimento.
A este propósito a recomendação de Steve Jobbs que foi também um dos lemas da sua vida, "manter-se ávido e louco", assume todo o sentido, força e poder de acção, porventura, um poder mágico, nesta travessia da vida humana em que ainda numa outra máxima que também é sua "a morte é a melhor invenção da vida" que não anda longe daquela outra bem conhecida de Jesus de Nazaré:"se a semente não apodedrecer não haverá nova vida". Uma verdade que atravessa todos os níveis biológicos e humanos.

Acabo de publicar, no Brasil, na LiberLivro (Brasília) um livro sobre "O Poder Mágico de Conhecer e Aprender" onde poderá encontrar um conjunto de temas que, de algum modo, são atravessados pela ideia de que conhecer e aprender que está subjacente a toda a acção humana mais ou menos consciente é um verdadeiro poder mágico. Convido-o a ler este livro e tentar descobrir como é que esse poder acontece na acção humana e como será possível optimizá-lo em prol das pessoas e do mundo em que nos é dado viver. Trata-se de um convite e de um desafio que aqui lhe deixo. Por minha parte, estou disponível para reflectir consigo sobre essas e outras ideias que achar por bem trazer para o debate. Venha daí. Há muito a desbravar sobre este assunto. (Ver: https://www.livrarialoyola.com.br/detalhes.asp?secao=livros&CodId=1&ProductId=320214&Menu=1)

Incentivar, desde o início, na criança, este poder mágico de conhecer e aprender constitui o segredo e a garantia do seu desenvolvimento pessoal e profissional futuro. Será com base nesse conhecimento e aprendizagem atravessados ou lubrificados pela afectividade como estruturante fundamental que a educação e a socialização deverão efectuar-se para o seu equilíbrio psicológico e cidadão. Como referíamos acima, não é possível desejar, querer, amar, estar com os outros, ser livre e responsável sem esse poder que é constitutivo do ser humano através da sua capacidade de conhecer e aprender. Daí que nunca será demais sublinhar este seu poder mágico, transformador, criador, demiúrgico, quase divino, como me apraz dizer.
Este poder mágico de conhecer e aprender que é transversal a toda ação humana é um sucedâneo que vem do fungo do tempo na dinâmica da evolução física, biológica, psicológica e sócio-cultural. Há toda uma pesquisa nos domínios das neurociências, como as de António D amásio, entre tantos outros cujas conclusões são muito animadoras ainda que, porventura, demasiadas optimistas. Veremos, mais em pormenor, mais adiante as virtualidades e fraqueza destas teses.

António Damásio, por exemplo, disseca e explica todos os mecanismos neurocerebrais que intervêm nas disposições inconscientes básicas, na criação da mente, no surgimento do eu e na emergência da consciência tendo em conta apenas os diferentes níveis de complexidade e organização que assumindo diferentes tipos de células, mais ou menos, especializados e padrões ou redes de padrões neutrais na dinâmica da evolução através de iniciativas especiais e espontâneas que conduzem, de certa forma,a dar saltos qualitativamente distintos. Do material ao imaterial, da física à biologia, do corpo ao espirito, de realidades tagiveis a intangíveis. Ora esta é uma tese que, aos nossos olhos, apesar da evolucção científica e tecnológica, estã longe de estar provada.

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