domingo, 19 de abril de 2020

A quem aproveitará mais a COVID-19?

Acho que há muita gente a aproveitar-se da pandemia COVID-19, comerciantes, empresários, políticos, estrelas das artes, da ciência e dos desportos, etc. e até simples pessoas anónimas. No fundo, todos pretendem dar uma boa imagem de si e das suas organizações mas o discurso deixa, por vezes, à vista outras intenções. Nos políticos isso é óbvio. Nos outros atores é menos claro mas também espreitam os interesses, a publicidade e, até, uma certa vaidade. De qualquer modo, isso não é nada novo no mundo dos humanos, pelo que se aceita e aplaude. O tempo, no entanto, irá certamente mais tarde ou mais cedo, revelar as verdadeiras intenções e então, as opiniões e os aplausos poderão mudar bastante. A prova, neste caso como noutros semelhantes é futura, exigirá simplesmente esperar pelos fatos. É também esse o poder mágico de conhecer e aprender: saber esperar com paciência.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Voltar à vida normal

O medo e o pânico da COVID-19 que, de certa forma, se instalou a nível global começa a ser exagerado. No início talvez isso tenha sido necessário porque muita gente não acreditava no que aí vinha. Penso que agora é tempo de ir voltando à normalidade da vida com todos os cuidados possíveis para que os estragos na economia dos países não sejam tão profundos e severos. Sabemos que nada irá ficar como dantes. A COVID-19 marcou o início de uma nova época que irá ser difícil e levará muito tempo a superar. Tudo será ainda muito mais difícil se a maneira de pensar e de sentir dos povos e das pessoas em especial não mudar radicalmente. Os sinais dos tempos são bem claros a esse respeito. As pessoas e o responsáveis da governança dos povos terão que saber ler melhor esses sinais e agir em conformidade. Também aqui o poder mágico de conhecer e aprender será o segredo para abrir esse tempo novo de que a humanidade e o planeta tanto carecem para o seu próprio equilíbrio e bem-estar.

domingo, 15 de dezembro de 2019

Seres e Ser simplesmente

O meu pensamento viajou pelos seres, os existentes e os possíveis, nos mundos do imensamente grande, do imensamente pequeno e do imensamente consciente e mergulhou no Ser simplesmente. Pelo caminho questionou os seres mas todas as suas respostas sobre a razão da sua existência conduziram-no ao Ser simplesmente. Quis questionar o Ser simplesmente mas só encontrou os seres. Será que tudo é Ser simplesmente e seres? Onde está a fronteira entre os dois? Como se passa dos seres ao Ser simplesmente? Haverá mais Ser nos seres e no Ser simplesmente do que apenas no Ser simplesmente? Parei de pensar e esperar resposta de Alguém que para mim é o Ser simplesmente e fora d,Ele não há qualquer outra possibilidade de ser.

domingo, 1 de dezembro de 2019

Até ao fim do tempo ainda há tempo para todos

Cada um tem o seu tempo de amadurecimento, de realização. Uns amadurecem mais depressa outros mais lentamente. Por isso, a qualquer momento, "um será tomado e outro será deixado" nas mais diversas situações da existência. Esta passagem do evangelho dá que pensar. Só agora, já em idade bastante adiantada, me apercebi do sentido mais fundo e misterioso quer do ponto de vista filosófico quer teológico desta passagem do evangelho e da questão que nos coloca: porque é que umas pessoas ficam por cá mais tempo e outras menos? A experiência diz-nos que efetivamente umas pessoas madureceram mais cedo, estão preparadas para entrarem no além-tempo e não precisam de mais tempo. É o mistério da vida e da consciência que se manifesta na esperança de um depois, de um além tempo totalmente pleno e feliz que para os crentes, por ventura, os serena e os seduz.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

1 e 2 de novembro: dias da saudade

1 e 2 de novembro são dias diferentes na memória das pessoas mesmo que não o queiram admitir abertamente. São dias de saudade que não é necessário explicar, sentem-se e vivem-se simplesmente. É essa a força e a magia desses dias que não deixam de colocar aos humanos perguntas existenciais cujas respostas se afundam no mistério da morte e da vida no além tempo e, por vezes, os desassossegam. Não sei bem se estes dias me perturbam ou empolgam mas sinto que são dias psicologicamente mais lentos e que custam mais a atravessar.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

O mistério do Natal e a imensidão do universo da vida e da consciência

Nos meus 27 anos, há mais de cinquenta, tomando um porto velho após um almoço com Dona Maria Alice Cálem, que tratava por "madrinha", ela colocou-me uma questão que continua hoje a desafiar o meu espírito como, de certa forma, desafiou a mente do homem de todos os tempos no seu poder mágico de conhecer e aprender para explicar e compreender os mais diversos mundos na direção do imensamente grande, do imensamente pequeno e do imensamente consciente. Como é que o Deus de Jesus Cristo, nascido, encarnado neste grãozinho do universo, o planeta terra, recria, refaz, salva, ressuscita tudo o que existiu, existe e venha a existir nos diferentes níveis de realidade inconsciente e consciente? Na realidade, Jesus Cristo, ao encarnar, crê-se que  assumiu, recriou, redimiu, ressuscitou todos os mundo existentes e possíveis. Como amigo, na altura, de filosofar e interrogar a fé e os textos sagrados do antigo e novo testamentos e de outras fontes de inspiração de diferentes religiões já me tinha defrontado com esta questão mas achei interessante, que há época, essa fosse também uma preocupação da Dona Maria Alice embora a tivesse como uma Senhora muito bem formada e culta.  Hoje, após todo esse tempo e de, com frequência, à luz das últimas notícias da ciência que nos vão chegando do fundo da realidade seja na direção do imensamente grande, seja na do imensamente pequeno e do imensamente consciente, tenho-me recolocado essa questão e a resposta que nos continua a chegar, nos envolve e nos obriga a questionar continuamente é a de um mistério insondável que nos deslumbra, inquieta, acalma e desafia. É este desafio que, hoje, aqui gostaria de deixar a todos aqueles que desejam ir um pouco mais além e mais fundo não obstante o desconforto, o preço que isso possa ter para as nossa vidas mais menos superficiais, simplistas, acomodadas.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Ser responsável antes de ser livre

Este é um pensamento que desenvolvi em artigo, extraído da tese de doutoramento em Filosofia, sobre Verdade e relação ética em Manuel Lévinas, publicado, em 1981, na Revista da Faculdade Filosofia, Braga, que continua a vir-me ao espírito sempre que é abordada a questão ética nas instituições, nas sociedades e nos comportamentos das pessoas dos nossos dias: o ser humano é responsável antes de ser livre e constitui o fundamento da sua ação ética como pessoa. Como? Esta é a grande questão que se coloca. Manuel Lévinas recorria a uma relação com o outro, o outro total e simplesmente, que ele chamava de não violência da representação lógica, anárquica, que precederia a própria existência e pressupunha um outro sentido de liberdade: liberdade de o ser humano fazer o que realmente quer e não apenas a livre escolha de fazer isto ou aquilo. Ou seja, o que é que o ser humano quer, deseja, no mais fundo de si? Ser, ser mais e melhor, tornar-se mais humano, ser feliz. Será isto possível no mundo em que vivemos? Faz sentido ontologicamente falando ou apenas para quem tem fé em Alguém, num totalmente outro, Deus? Mas essa é precisamente a questão.