quarta-feira, 15 de abril de 2020

Voltar à vida normal

O medo e o pânico da COVID-19 que, de certa forma, se instalou a nível global começa a ser exagerado. No início talvez isso tenha sido necessário porque muita gente não acreditava no que aí vinha. Penso que agora é tempo de ir voltando à normalidade da vida com todos os cuidados possíveis para que os estragos na economia dos países não sejam tão profundos e severos. Sabemos que nada irá ficar como dantes. A COVID-19 marcou o início de uma nova época que irá ser difícil e levará muito tempo a superar. Tudo será ainda muito mais difícil se a maneira de pensar e de sentir dos povos e das pessoas em especial não mudar radicalmente. Os sinais dos tempos são bem claros a esse respeito. As pessoas e o responsáveis da governança dos povos terão que saber ler melhor esses sinais e agir em conformidade. Também aqui o poder mágico de conhecer e aprender será o segredo para abrir esse tempo novo de que a humanidade e o planeta tanto carecem para o seu próprio equilíbrio e bem-estar.

domingo, 15 de dezembro de 2019

Seres e Ser simplesmente

O meu pensamento viajou pelos seres, os existentes e os possíveis, nos mundos do imensamente grande, do imensamente pequeno e do imensamente consciente e mergulhou no Ser simplesmente. Pelo caminho questionou os seres mas todas as suas respostas sobre a razão da sua existência conduziram-no ao Ser simplesmente. Quis questionar o Ser simplesmente mas só encontrou os seres. Será que tudo é Ser simplesmente e seres? Onde está a fronteira entre os dois? Como se passa dos seres ao Ser simplesmente? Haverá mais Ser nos seres e no Ser simplesmente do que apenas no Ser simplesmente? Parei de pensar e esperar resposta de Alguém que para mim é o Ser simplesmente e fora d,Ele não há qualquer outra possibilidade de ser.

domingo, 1 de dezembro de 2019

Até ao fim do tempo ainda há tempo para todos

Cada um tem o seu tempo de amadurecimento, de realização. Uns amadurecem mais depressa outros mais lentamente. Por isso, a qualquer momento, "um será tomado e outro será deixado" nas mais diversas situações da existência. Esta passagem do evangelho dá que pensar. Só agora, já em idade bastante adiantada, me apercebi do sentido mais fundo e misterioso quer do ponto de vista filosófico quer teológico desta passagem do evangelho e da questão que nos coloca: porque é que umas pessoas ficam por cá mais tempo e outras menos? A experiência diz-nos que efetivamente umas pessoas madureceram mais cedo, estão preparadas para entrarem no além-tempo e não precisam de mais tempo. É o mistério da vida e da consciência que se manifesta na esperança de um depois, de um além tempo totalmente pleno e feliz que para os crentes, por ventura, os serena e os seduz.

sexta-feira, 1 de novembro de 2019

1 e 2 de novembro: dias da saudade

1 e 2 de novembro são dias diferentes na memória das pessoas mesmo que não o queiram admitir abertamente. São dias de saudade que não é necessário explicar, sentem-se e vivem-se simplesmente. É essa a força e a magia desses dias que não deixam de colocar aos humanos perguntas existenciais cujas respostas se afundam no mistério da morte e da vida no além tempo e, por vezes, os desassossegam. Não sei bem se estes dias me perturbam ou empolgam mas sinto que são dias psicologicamente mais lentos e que custam mais a atravessar.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

O mistério do Natal e a imensidão do universo da vida e da consciência

Nos meus 27 anos, há mais de cinquenta, tomando um porto velho após um almoço com Dona Maria Alice Cálem, que tratava por "madrinha", ela colocou-me uma questão que continua hoje a desafiar o meu espírito como, de certa forma, desafiou a mente do homem de todos os tempos no seu poder mágico de conhecer e aprender para explicar e compreender os mais diversos mundos na direção do imensamente grande, do imensamente pequeno e do imensamente consciente. Como é que o Deus de Jesus Cristo, nascido, encarnado neste grãozinho do universo, o planeta terra, recria, refaz, salva, ressuscita tudo o que existiu, existe e venha a existir nos diferentes níveis de realidade inconsciente e consciente? Na realidade, Jesus Cristo, ao encarnar, crê-se que  assumiu, recriou, redimiu, ressuscitou todos os mundo existentes e possíveis. Como amigo, na altura, de filosofar e interrogar a fé e os textos sagrados do antigo e novo testamentos e de outras fontes de inspiração de diferentes religiões já me tinha defrontado com esta questão mas achei interessante, que há época, essa fosse também uma preocupação da Dona Maria Alice embora a tivesse como uma Senhora muito bem formada e culta.  Hoje, após todo esse tempo e de, com frequência, à luz das últimas notícias da ciência que nos vão chegando do fundo da realidade seja na direção do imensamente grande, seja na do imensamente pequeno e do imensamente consciente, tenho-me recolocado essa questão e a resposta que nos continua a chegar, nos envolve e nos obriga a questionar continuamente é a de um mistério insondável que nos deslumbra, inquieta, acalma e desafia. É este desafio que, hoje, aqui gostaria de deixar a todos aqueles que desejam ir um pouco mais além e mais fundo não obstante o desconforto, o preço que isso possa ter para as nossa vidas mais menos superficiais, simplistas, acomodadas.

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Ser responsável antes de ser livre

Este é um pensamento que desenvolvi em artigo, extraído da tese de doutoramento em Filosofia, sobre Verdade e relação ética em Manuel Lévinas, publicado, em 1981, na Revista da Faculdade Filosofia, Braga, que continua a vir-me ao espírito sempre que é abordada a questão ética nas instituições, nas sociedades e nos comportamentos das pessoas dos nossos dias: o ser humano é responsável antes de ser livre e constitui o fundamento da sua ação ética como pessoa. Como? Esta é a grande questão que se coloca. Manuel Lévinas recorria a uma relação com o outro, o outro total e simplesmente, que ele chamava de não violência da representação lógica, anárquica, que precederia a própria existência e pressupunha um outro sentido de liberdade: liberdade de o ser humano fazer o que realmente quer e não apenas a livre escolha de fazer isto ou aquilo. Ou seja, o que é que o ser humano quer, deseja, no mais fundo de si? Ser, ser mais e melhor, tornar-se mais humano, ser feliz. Será isto possível no mundo em que vivemos? Faz sentido ontologicamente falando ou apenas para quem tem fé em Alguém, num totalmente outro, Deus? Mas essa é precisamente a questão.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

A aprendizagem do futuro

Na perspectiva do "conhecer e aprender como poder mágico", parece cada vez mais óbvio que a aprendizagem do futuro, na família, na escola, no trabalho, na rua e nas sociedades, em geral, irá fazer apelo a novas formas, dinâmicas e contextos em que o impacto das tecnologias da informação e da comunicação será muito relevante. Na declaração de Salamanca, 21 e 22 de maio de 2018, ficou bem vincada essa orientação relativamente à formação e à aprendizagem na universidade e na sociedade do futuro. Marcelo Rebelo de Sousa, com aquele faro que lhe é próprio di-lo de forma magistral: “Estamos a formar [pessoas] para um novo tempo e para um novo espaço, para um mundo em que a constante é o câmbio, a mudança e a antecipação”. E acrescenta: “Antecipação com novas redes, novos métodos, com capacidade de ver e planear a médio e longo prazo, com políticas públicas de consenso de regime, que não mudem com cada governo, com cada legislatura, com cada orçamento como horizonte de futuro". E concluiu: “Porque educar não é tarefa de um governo, de um político, de um partido, de um sindicato, de uma confederação patronal, nem sequer de um país só. Educar é um desafio universal, hoje.”
A declaração de Salamanca 2018 não traz nada de novo mas reconhece e procura consciencializar para uma realidade que é cada vez  mais óbvia e que está bem sintetizada nesta breve descrição que se pode ler num dos relatos do evento:  Potenciar o capital humano das universidades, fomentar alianças e o trabalho em rede entre diversas entidades e, por fim, abraçar a transformação digital e bem gerir o seu impacto na sociedade. São estas as três grandes linhas de orientação que ficaram cimentadas na Declaração de Salamanca, o documento final que reuniu as conclusões de dois dias de discussão e reflexão por parte de mais de 700 reitores acerca da universidade ibero-americana do século XXI. O IV Encontro de Reitores Universia 2018 terminou esta terça-feira no Palácio de Congressos de Castela e Leão e, depois da inauguração de Marcelo Rebelo de Sousa e do rei de Espanha, foi encerrada pelo presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy. Foi precisamente com uma referência àquele que foi o primeiro tema em debate no congresso – “Formação e aprendizagem num mundo digital” – que o chefe do Executivo espanhol encerrou o IV encontro de Reitores. Depois de rasgados elogios à excelência da Universidade de Salamanca, que comemora este ano o seu oitocentécimo aniversário, e ao ensino superior espanhol, Mariano Rajoy afirmou: “As novas tecnologias e a digitalização já não são o futuro, são o presente” . Para mais informação, veja-se: https://www.dinheirovivo.pt/campus-santander-universidades-2018/galeria/declaracao-de-salamanca-define-o-caminho-para-a-universidade-do-seculo-xxi/ .