sábado, 18 de junho de 2016

Marcadores de formação, inovação e pesquisa para a Universidade de hoje e do próximo decénio

Este projeto tem como base um estudo teórico sobre as conclusões mais recentes da pesquisa no ensino superior e, designadamente, sobre a Universidade do presente e do futuro e procura explicar e compreender onde se encontra a Universidade dos nossos dias e para onde pretende ir nos próximos 10 anos. Dar-se-á preferência aos modelos estruturais e procurar-se-á ver como os principais marcadores identificados, com incidência na formação, na inovação e na pesquisa interferem na determinação, dinâmica e evolução da estrutura da Universidade de hoje e de amanhã. Serão referidos apenas, de um modo muito sintético e condensado, os autores e os estudos mais relevantes de pesquisas que, do nosso ponto vista, mais se tenham distinguido em relação aos objetivos e às questões deste projeto evitando assim repetições inúteis. Daremos ainda uma atenção especial às conclusões mais inovadoras e consistentes em relação a aqueles marcadores que da análise, interpretação e discussão dos dados se revelarem mais determinantes nas mudanças efetuadas na estrutura e dinâmica da Universidade. Sustentamos, como hipótese de trabalho, que a importância e a configuração dos diferentes marcadores identificados serão distintas em relação à formação, inovação e pesquisa. Por isso, a nossa atenção centrar-se-á em cada um desses marcadores: as mentes, os afetos, a autonomia, as tecnologias/equipamentos, os métodos de trabalho/organização, os campi, os edifícios e o meio envolvente, os financiamentos, os comportamentos, a empregabilidade, democraticidade e a internacionalização.
Na fase de diagnóstico do projeto, através de entrevistas, questionários e, eventuais, cenários de Universidade, procuraremos identificar as principais tendências em cada um, no conjunto  ou em clusters que esses marcadores apresentam ou virão a apresentar na Universidade a fim de compreender melhor a sua estrutura e dinâmica no presente e no futuro.
Na fase de intervenção tentaremos actuar, através da informação, a reflexão e a discussão, sobre os próprios atores no sentido de alterar a sua ação e participação no interior e no exterior da Universidade. Esta intervenção poderá ser precedida da construção de cenários e a criação de grupos de reflexão para estudar e propor as melhores estratégias a seguir. 

Neste sentido solicitamos:
se é docente, investigador, bolseiro ou estudante universitário e quiser participar ativamente neste projeto preencha o mais objetivamente possível o questionário seguinte:

Obrigado


If you are a teacher, researcher, grant holder or university student and want to express your opinion about the University of today and the next decade, feel in as objectively as possible following questionnaire:


Thank you

Para mais informações:
http://josetavares.wix.com/josetavares






domingo, 13 de dezembro de 2015

As mentes

Falar de mentes traz-nos, de imediato, ao espírito as "mentes brilhantes", os superdotados, os espíritos fora de série, os cérebros, os génios. Não é sobre isso, porém, que aqui pretendemos diretamente incidir. Aos nossos olhos, a mente emerge na grande aventura da evolução como algo bem mais questionante e misterioso. A mente, o "mind", "l'ésprit", o "ruah",  o nous, a alma, a psyquê, sobrevêm à física, à química, à vida e abrem as portas à vinda do eu para se poder tornar consciente, livre, responsável, autónomo. A mente é número, é medida, é ordem, é música, é ar, é água, é movimento, é vida, é transparência, é Olimpo, é altura, é simplicidade, é céu. A mente vem do fundo do tempo e continua a desenvolver-se e a otimizar-se sem cessar. A mente é feita de extensão e inextensão, de matéria e energia corporal e espiritual. É o  minded brain de Demásio ou minded body de uma certa tradição contra o mind and body como ideias perfeitas ou mónadas cartesianas e leibnizianas, respetivamente, eis o dilema que permanece e continua a questionar o homem do presente e do futuro. Muitas teorias sobre a mente foram surgindo no decorrer do tempo de recorte mais espiritualista, materialista,  hiperfenomenista ou neurobiologista que aqui não irei dissecar.

A mente manifesta-se através dos comportamentos inteligentes e foi desde sempre  um tema de questionamento do homem. Nos tempos mais próximos e recentes,  realizaram-se estudos e pesquisas notáveis sobre a mente ligados, sobretudo, à essência e natureza da inteligência e sua medida de que recordo apenas, entre muitos outros, os de Robert Sternberg, Howard Gardner e António Damásio. Centro-me especialmente nos contributos de Gardner e Damásio por me parecerem ser aqueles autores que abriram perspectivas mais fecundas e inovadoras para descrever e compreender os mistérios da mente e, designadamente, "Cinco Mentes para o Futuro (2007)"  e "O Livro da Consciência. A Construção do Cérebro Consciente (2010)", respetivamente.

As mentes revelam-se através de comportamentos inteligentes mais específicos e gerais ou inteligências múltiplas mas fica-nos sempre uma questão ou uma cascata de questões por responder: em que momento da evolução se manifestam esses comportamentos inteligentes susceptíveis de indiciar que uma determinada mente começou a existir na longa aventura da cadeia da evolução? Apenas com a origem da vida? Com  o atingir da sensibilidade, da imaginação, da memória, da inteligência, da intuição, da razão? Acho que a ciência ainda não tem uma resposta e, irá, com certeza, tardar bastante em encontrar uma que seja minimamente satisfatória. Por isso, o modo de colocar as questões poderá ajudar a olhar para a realidade da mente com outros olhos e mudar a própria atitude, aguçar o engenho e a curiosidade bem como ajustar o método de pesquisa.

Por vezes, ouvimos testemunhos de pessoas simples, do senso comum e, até, de pessoas bem letradas e críticas dizer: as plantas gostam que se lhes fale e se acariciem. E há jardineiros e pessoas que gostam de plantas que fazem isso. Terá algum fundamento esta espécie de crença ou intuição científica e filosófica? As evidências, julgo que ainda não são suficientes para dirimir a questão, de qualquer modo as fronteiras entre a vida, a sensibilidade, a inteligibilidade e racionalidade são difíceis de demarcar. Dos animais diz-se e espera-se ainda muito mais, pois revelam comportamentos que parecem inteligentes e pressuporiam uma energia mental com elevado nível de otimização. O que há de fundamento em tudo isto? A resposta poderá, eventualmente, vir de uma certa concepção de evolução que António Damásio tende a defender nos seus escritos na qual a mente foi emergindo naturalmente no decorrer de milhões de anos na cadeia da evolução da matéria, da energia, da vida e das diferentes espécies através de uma dinâmica espontânea de complexificação progressiva em que num dos últimos patamares aconteceria a entrada do eu na mente para a tornar consciente, livre, responsável e autónoma. Como já escrevi, noutros lugares, aceito esta evolução mas não de um modo puramente natural e espontâneo uma vez que haveria que pressupor a existência de um princípio criador infinitamente livre, autónomo e omnipotente,  indispensável para lhe dar sentido e consistência ontológica. Seria a exigência de uma Causa Primeira que a ciência do filosofar teima em não deixar cair às mãos de um evolucionismo espontâneo e sem fronteiras no antes e no depois. Algo ou, porventura, melhor, Alguém terá que dar sentido a esta maravilhosa odisseia da evolução de que a mente estaria num dos seus lugares cimeiros.

Num jeito mais descritivo e pragmático, Howard Gardner identificou cinco mentes para o futuro: uma mente disciplinada ou seja informada através de diferentes conteúdos ou matérias disciplinares, uma mente sintética, com capacidade de síntese, uma mente criativa aberta à inovação, à criação artística  e invenção científica e tecnológica, uma mente respeitosa, atenta e honesta na aceitação da realidade das coisas, das relações e dos acontecimentos e uma mente ética disponível para obedecer e cumprir um certo imperativo categórico de praticar o bem e evitar o mal à luz não do medo do castigo, dos interesses, das normas mas da justiça. Ou seja, como sujeito humano, inteligente, livre e responsável o homem deverá procurar praticar o bem e evitar o mal sempre. É esta mente, a cinco ou a mais vozes, que gostaríamos de colocar aqui à consideração do leitor e que não deixa de instigar o nosso espanto e aguçar a nossa curiosidade.

Olhando, agora, para a mente como um marcador privilegiado na estrutura e na dinâmica da Universidade de hoje e de amanhã, não há dúvida de que ela assume e deverá assumir uma relevância cada vez mais determinante. Não é por acaso que a instituição universitária põe e continuará pôr um cuidado especial em descobrir, contratar e desenvolver as melhores mentes e as mais brilhantes e ajustadas para realizar os projetos de formação, de inovação e pesquisa que surgem no seu interior. A sua imagem interna e externa dependem, em boa medida, da existência de cérebros e de mentes brilhantes que conseguem encontrar e otimizar no seu seio. As reflexões que tenho constatado nas entrevistas que estou a fazer a docentes universitários da Universidade de Aveiro na pontuação deste marcador apontam nessa direção com pontuações normalmente muito elevadas e tansversais a todos os entrevistados independentemente da idade, do género, da área científica e da experiência académica. A mente, presente nas mais aprofundadas e diversas concepções passadas, presentes e futuras, é determinante e irá continuar a estar subjacente a todos os demais marcadores que identificamos e, designadamente, os afetos, a autonomia, as tecnologias, os métodos, a organização, os equipamentos,  os edifícios, os contextos, os financiamentos e os comportamentos.

Sabemos que a mente e em especial a mente consciente é uma condição indispensável e incontroversa para tornar possível e efetivo "o poder mágico de conhecer e aprender" dos sujeitos e das organizações aprendentes sejam eles simplesmente biológicos, psicológicos, sociais ou culturais. Mas a mente é também inseparável dos afetos, o seu lubrificante natural, o que faz dela uma mente apaixonada, sentimental, emocional que a entrada do proto-eu, do eu nuclear e do eu autobiográfico irá transformar numa consciência inteligente, afetiva e volitiva individual, social, ética, cultural. Este poder mágico de conhecer e aprender que os humanos exprimem a um alto nível de realização para se tornarem mais humanos e felizes é verdadeiramente extraordinário e maravilhoso. Infelizmente, esse poder demiúrgico e transformador, libertador, envolve também um enorme risco de se degradar e poder conduzir o devir humano para uma enorme catástrofe. Mas é essa a grandeza e o preço da liberdade humana. Nestes últimos tempos, há sinais que nos indicam claramente que as situações e os problemas não estão a ser abordados da melhor forma e que será necessário alterar o rumo e, eventualmente, os métodos. Será nisso que a Universidade de hoje e do próximo decénio, em particular, poderá ter um papel de primacial importância a desempenhar pelo que terá que acolher no seu seio mentes brilhantes, esclarecidas, instruídas, sintéticas, criativas,  respeitosas e éticas que possibilitem uma consciência e um agir cidadãos mais inteligentes, afetivos, livres, responsáveis e autónomos. Mas estas mentes também se desenvolvem e aprendem constantemente. É essa a sua marca, o seu desígnio como aconteceu no decorrer da longa história da evolução que vem do fundo dos tempos.

Fica ainda a questão sobre a possibilidade de existência de outras mentes na imensidão do universo para já não falar das mentes artificiais criadas pelo homem à sua imagem e semelhança, pois ainda que representem apenas um grosseiro simulacro, poderão evoluir e aperfeiçoar-se rapidamente no futuro. Abrir-se a todas estas mentes irá ser o grande desafio dos humanos e possíveis extra-humanos que poderá vir mudar profundamente as vidas e os comportamentos bem como os modos de pensar e de agir que lhe estão subjacentes. De qualquer modo, será por esta abertura de questionamento e de desafio que deveremos olhar para os mistérios desta mente que habita o mundo e nos habita. Uma mente de afetos a que a entrada do eu nela faz emergir a consciência dando-lhe a possibilidade de se tornar mais inteligente, mais livre, responsável e autónoma.

As mentes na Universidade assumem uma importância essencial e transversal a toda a instituição e a todos e a tudo o que a integra e a habita. Por isso, os marcadores, por nós identificados e todos os outros que passam pela sua intersecção, dependem, em boa medida, das mentes, dos talentos disponíveis e dos afetos que lhe servem de lubrificante para o seu desenvolvimento e e otimização. Sem isso, a autonomia, as tecnologias, os métodos, a organização, os edifícios, equipamentos, os contextos e os financiamentos de pouco serviriam.  

   

(texto em construção)


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

As minhas viagens da mente pelo imensamente grande, pequeno e consciente

Vinda do fundo da física, da química, da energia, da vida, do pensamento, a mente na dinâmica evolutiva do meio neuro-cerebral ascende ao proto-eu, ao eu nuclear e ao eu autobiográfico da consciência. Maravilhoso! Dou comigo, por vezes, em viagens pelo imensamente grande, o imensamente pequeno e o imensamente consciente. Qualquer caminho que tome acaba sempre por encontrar saídas que se abrem em qualquer dessas direções. Se me afoito na direção do imensamente grande encontro o imensamente pequeno e afundo-me no imensamente consciente. Se for pelo imensamente pequeno o resultado é semelhante. Viajo à velocidade do pensamento, da mente sem qualquer paralelo com as que é possível fazer ao nível puramente material e ultrapasso em instantes as camadas mais micro e nano da ciência e da tecnologia. Um mundo meu e de outras mentes ou seres inteligentes mais ou menos abertas e disponíveis que existam ou possam vir a existir na realidade total insondável e infinita. É maravilhosa, tentadora e gratificante esta sensação e, se formos honestos, humildes, autênticos e, não andarmos distraídos,  ela apenas pode convergir numa atitude: a adoração. Estas viagens acalmam-me e dão-me um grande bem-estar porque, de certa forma, me possibilitam  encontrar a minha identidade e unir os tempos de partida, de viagem e de chegada num mesmo e único tempo que é o meu verdadeiro tempo que se afunda no além-tempo que, como crente, a mente me insinua e a fé me confirma. Também este é um poder mágico de conhecer e aprender que me habita, me trabalha e não posso deixar de agradecer e dizer: obrigado, Senhor, Aleluia!

domingo, 5 de abril de 2015

Páscoa como passagem das passagens

5 de abril de 2015, é dia de Páscoa. Mais uma e sempre a mesma e o seu sentido e a sua mensagem são também sempre os mesmos: passagem das passagens, passagem da morte à vida, ressurreição para os que crêem no Cristo, Senhor e Salvador. Mensagem que vem do fundo do tempo e se estende até ao seu termo e, porventura, para além dele. É uma mensagem forte e de esperança para todos os seres inteligentes e amorosos que existem ou possam vir a existir e que se interrogam permanentemente pelo sentido de tudo o que é e possa vir a ser neste universo quer seja na sua dimensão do imensamente grande, do imensamente pequeno e do imensamente inteligente e amoroso. Por isso, o grito que os cristãos, hoje, repetem: ressuscitou, aleluia!, enche o coração dos crentes e de todos homens de boa vontade, de alegria e de esperança.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

As fronteiras das liberdades

Nestes últimos dias, em virtude dos violentos e odiondos ataques ocorridos, em Paris, todos eram ou charlies, não charlies ou indiferentes e unânimes na sua condenação de forma veemente e determinada. Nas gigantescas manifestações de Paris, de França e do mundo, o eco que vinha das ruas, da comunicação social e das mais variadas reações, discursos e opiniões que se fizeram ouvir a convite ou espontaneamente nos mais diversos azimutes, era muito semelhante. Assistimos também a reuniões ao mais alto nível e a medidas de alerta e de prevenção que, no imediato, foram tomadas de que destacaria, os 10 mil soldados, em França,  para reforçar  as polícias nos pontos de ameaça mais sensíveis. O que acontece, na realidade, é que os problemas continuam todos lá, em Paris e em outras muitas grandes, médias e pequenas cidades do mundo. Efetivamente, as sociedades e as comunidades dos homens, apesar de termos ultrapassado as grandes tensões da guerra fria, estão mais violentas e intolerantes. Aos meus olhos, tudo tem a ver com as fronteiras das liberdades que deveriam manter-se dentro dos valores fundamentais do respeito pela dignidade humana que está subjacente a convivência e à paz. Manuel Kant, na Ética dos Costumes, assume como um imperativo categórico, na linha de uma longa tradição de bom senso que vem do fundo dos tempos,  que o limite das minhas liberdades são as liberdades dos outros. Acho que este imperativo terá que continuar a ser válido no futuro sob pena das sociedades humanas se destruírem mutuamente. Neste grande desafio da nova ordem e convivência mundial, a educação do cidadão  terá que ser uma peça fundamental das diferentes ideologias, religiões e culturas e não apenas um desejo ou uma promessa vã dos políticos para conseguirem mais uns votos para alcançar o poder. O discurso comunicacional e argumentativo dos mais variados quadrantes tornou-se demasiado violento, falso, injusto e, não raro, ofensivo e pouco civilizado (educado) a que os diferentes meios da comunicação oral, escrita ou imagética estão longe de dar a resposta mais adequada e pedagógica. Sobressaem, particularmente,  na ressonância das suas notícias, opiniões e comentários, o interesse pelas audiências, a defesa das clientelas políticas, ideológicas e sindicais. Só um trabalho a sério e persistente poderá alterar este estado de coisas e ajudar a resolver os enormes problemas que afetam a comunidade mundial dos nossos dias bem como abrir verdadeiros caminhos de concórdia e de paz para o futuro. Continuar a repetir os erros do passado, não obstantes as manifestações, as festas de rua e a ostentação das vaidades, não conduzirá a lado nenhum. Até quando esta investigação e reflexão de fundo continuarão a estar ausentes da educação do cidadão seja ela presencial ou à distância, individual ou coletiva? Acho que é na resposta a esta questão que este combate inadiável e urgente deverá ser travado com convicção, discernimento, bom senso, coragem e persistência. Também aqui conhecer, aprender, bem querer e respeitar deverão estar dentro das prioridades essenciais da ação humana.

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

O maior desafio à inteligência humana de todos os tempos

O Deus Trino, o Deus Trindade de Um Único e Mesmo Deus. Um Deus que se dá todo em Jesus Cristo numa  Total e Infinita Dádiva de Amor, o  Espírito da Relação entre o Pai e o seu Filho Unigénito desde toda a eternidade. Este é o maior desafio à inteligência humana e a qualquer outra inteligência criada, existente ou possível,  Mistério é o seu nome. Tudo o que existe ou venha a existir assume um sentido que, nem sempre, vai ao encontro dos projetos e dos anseios dos humanos originando, por vezes, um enorme desconforto  ou revolta perante acontecimentos inesperados ou dramáticos da vida. Efetivamente, o homem põe e Deus dispõe mas nem sempre o resultado é convergente aparecendo até como completamente divergente e contraditório, sem sentido, absurdo aos olhos da inteligência humana e, por ventura, de toda e qualquer inteligência criada existente ou possível. É, nessa altura, que a abertura que o poder mágico de conhecer, aprender e amar do ser humano possibilita e oferece e, ao mesmo tempo,  o obriga a colocar-se numa outra atitude mais desnudada, realista e dentro das suas margens de criatura. É esta magia que nos dá que pensar, nos abre o caminho que conduz à felicidade e constitui a grande aventura deste ser inteligente, livre e responsável que nos habita e nos instiga constantemente.    

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Os nomes, as representações, as coisas, as pessoas e Deus

Diz-se que cada coisa, cada pessoa, cada ser, cada acontecimento e relação têm o seu nome que, de certa forma, os representa e traduz a sua essência e que Deus conhece tudo pelo seu nome. O Antigo e o Novo Testamento referem, com frequência, que Deus deu um nome a tudo aquilo que criou e continua a criar e conhece e reconhece pelo seu nome. O próprio Jesus de Nazaré, em muitas passagens do seu ensinamento e da sua comunicação com a sociedade e as elites do seu tempo utilizou, este tipo de imagens e metáforas. Que cada coisa, pessoa, acontecimento, relação seja delimitada e representada por um nome, uma imagem, uma ideia ou metáfora na comunicação entre humanos é natural ou convencional e faz parte da sua própria modalidade de ser. Que Deus Infinito e Absoluto precise de nomes ou de representações, imagens, ideias ou metáforas para conhecer as suas criaturas só pode ser entendido num sentido metafórico e antropomórfico. Partindo de uma concepção mais rigorosa e honesta de Deus Uno e Trino que nos é possível projetar através da nossa inteligência e raciocínio seria mais justo dizer que Deus não precisa de qualquer nome, representação ou metáfora para conhecer tudo o que existe ou venha a existir, nós é que o concebemos ou delimitamos à nossa medida. À luz do poder mágico de conhecer e aprender que nos apraz destacar e de uma maior honestidade mental para com o Deus da fé que a inteligência humana consegue, de certa forma, intuir e conceber, deveríamos, pelo menos, fazer um esforço para nos despirmos dos nossos antropomorfismos, das nossas imagens e metáforas e tentar senti-lo de uma forma mais pura e desligada das nossas amarras, das nossas fronteiras e limites como um Deus diferente, que conhece, representa, vê, intui e ama, de outra forma sem forma, simplesmente.
Deste modo, tudo seria mais verdadeiro, mais honesto, sério e revelador de alguém que escapa infinitamente no próprio ato em que, de algum modo, se apresenta, se revela como mistério insondável e presente na sua infinita ausência omnipotente, como Deus Pai, Misericordioso e Bom e  que se deu e dá, por inteiro, em Seu Filho, Jesus Cristo e no Amor Eterno e Inefável do Espírito que os une em Só e Único Deus. Não será que os crentes, mesmo os mais simples e iletrados, não se sentiram mais confortados com um Deus menos ao seu alcance mas mais autêntico e presente, como um Deus infinitamente bom, amoroso e misericordioso e, sobretudo, Pai, em Jesus Cristo e no Amor do Espírito que é e possibilita por inteiro e infinitamente a dádiva entre o Deus Pai e  o Deus Filho? Esta é a grande interrogação que deveria estar sempre presente no coração dos crentes e de todos aqueles, que, de alguma maneira, procuram um Verdadeiro, Trino e Único Deus que dê sentido às suas vidas e à sua sede de conhecer, aprender, descobrir, de sentir, de querer e de amar como o verdadeiro poder mágico do ser humano.

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